domingo, dezembro 30, 2007
OBRIGADO!
"Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!"
(Carlos Drummond de Andrade)
Agradeço à todos aqueles que contribuiram o bastante para que eu pudesse perceber, mais uma vez, os valores essenciais da vida.
Obrigado pelas mãos estendidas, pelos aplausos e pelos sorrisos doados.
Espero, no próximo ano, retribui-los com o mesmo carinho, a mesma leveza e as mesmas alegrias de sempre.
Sorte, saúde, paz, amor, música e poesia para 2oo8!
Tim Tim,
Hugo Lima.
.
STARRING.
.
Ele é indie, mas reconhece e assume as influências do punk, do folk, do rock, do britpop, do Lo-Fi, do hippie, do samba, do jazz, da bossa nova e até mesmo de movimentos como o tropicalismo, o cubofuturismo, o dadaísmo, o surrealismo, o minimalismo, o concretismo, a digipopart e a artbitch. Eu definiria como um kitschnightboy psicodélico um tanto quanto diabolique! Há quem diga que ele chega a ser inovador sem deixar de ser clássico, outros apostam numa pseudoloucura crônica. Entretanto, trata-se de um simples poeta pós-moderno que transita entre a alta costura underground e poesia contemporânea. É fascinado por cores, fala inglês e espanhol, adora pão-de-queijo, curte Björk, Cibelle, João Gilberto, Laika, Massive Attack e o mais vasto universo da boa música. É comum encontrá-lo pelos cafés de Belo Horizonte, movimentada cidade do oeste europeu de Minas Gerais onde vive numa enorme casa pintada de amarelo. É zen-hindu, medita, gosta de incenso e prefere alimentos secos, integrais e desidratados. Não dispensa boas taças de champagne, mas está muito bem servido com chás de morango ou sucos naturais. Sobre moda, arte que pesquisa intensamente desde os 13 anos, diz que sua inspiração vem do pside, do cyber, do punk, do folk, do clown e do conceito de estilistas como Reinaldo Lourenço, Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura, Viktor & Rolf, McQueen, Donna Karan, Victor Charlier, João Pimenta, Paulo Carvas, entre outros. Seu visual é essencialmente psidepunk, um pouco esquisito, mas altamente sofisticado, com muito movimento, descontração, buttons e acessórios coloridos. “Sei que sou extravagante e não me importo em parecer blasé. Moda é se sentir bem, não viver de grife!” – esclarece. É ascético, divertidíssimo, tem bom senso, não abre mão de boa educação e está entre os mais elegantes que eu conheço, sempre esbanjando sensualidade e simpatia. Causar emoção, reorganizar as coisas, traduzir o intraduzível, fotografar o instante, registrar o inexistente, dar cores à rotina acizentada do cotidiano são algumas das tarefas diárias deste poeta que, apesar de possuir uma escrita muito delicada e pontuada pelo abstracionismo filosófico, garante que sua poesia não quer responder, mas sim, indagar ainda mais o caminhante apressado que se perde pela multidão da cidade grande. Seus versos acontecem o tempo todo, do lado de dentro ou de fora da gente. Estudante de Letras, pretende se especializar em poéticas contemporâneas. É viciado em livros, desenha, rabisca, fotografa, inventa, decora, colore, recorta, recicla, canta e faz música moderna brasileira. É dono de uma das vozes mais etéreas que já ouvi, já cantou acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Palácio das Artes e, em 2003, colaborou na organização de duas exposições minhas em parceria com o crítico de arte e também poeta, Erthal Terra. Atualmente, publica seus trabalhos na Casa Sana e escreve para os sites da poeta, atriz e estilista, Larissa Mighin, e do publicitário Igor Amin. Para 2oo8, pretende dar continuidade aos estudos, ampliar a Casa Sana e criar projetos artísticos.
Por Gustavo Malheiros. 1º novembro de 2oo07. Londres, Inglaterra.
.
segunda-feira, dezembro 24, 2007
terça-feira, dezembro 18, 2007
GESTALT
Aos poucos vou-me
fazendo parte de um todo.
Vou-me partindo
quebradiço que sou
para que, pelas metades,
possa me constituir por inteiro.
Aos poucos vou-me
repartindo
distribuindo-me aos pedaços
desmembrando parte por parte
para que, em fragmentos,
possa insinuar completude.
Aos poucos vou-me
desfazendo
cortando meus dobrados
destroçando minha carne
para que, em partes,
eu disfarce
e minha nudez
e a minha loucura.
Aos poucos vou-me
pouco a pouco,
parte a parte,
ponto a ponto...
.
O INCESTO AUTOFÁGICO - Part. 1
se esgota numa gota
sobre mim
vaidades
que de me olhar
me abstenho
como que se desejasse
a mim mesmo
uma parte do meu corpo
e se pouco declamo
era o dito
uma palavra que se entranha na boca.
bom senso
sem teor algum
e penso:
talvez fosse melhor não pensar
no desejo
é tudo aquilo que arde na boca
a minha vontade (de não provocar)
o incesto.
primeiro, corto a lingua e observo:
sou o mínimo das virtudes do desejo
ALMA - ou outra forma de corpo.
para deglutir os restos
basta um pouco da dura promessa
de um vício tempestuoso.
- AAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!
.
quarta-feira, dezembro 12, 2007
OFÍCIO
segunda-feira, outubro 22, 2007
TRECHO
COISAS ERRADAS QUE PAULO ESCREVEU
EU RESPONDO: Jesus Cristo é cabeludo!
CORÍNTIOS 14:34 - Que as mulheres fiquem caladas nas assembléias, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz a lei. Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos, em casa.
EU RESPONDO: Não é proibido falar!
CORÍNTIOS 11:09 - O homem não foi criado para a mulher, mas a mulher foi criada para o homem.
EU RESPONDO: A pessoa tem que ser livre!
CORÍNTIOS 11:03 - Quero que saibas que Cristo é a cabeça de todo homem e o homem é a cabeça da mulher e Deus é a cabeça de Cristo.
EU RESPONDO: Deus é a cabeça da mulher também!
segunda-feira, outubro 15, 2007
4x4
vivo leve e amo solto
sou de tão cruas delicadezas
de tão simples palavras
gosto de inverno e de livros
de janelas abertas, bem abertas
sou daqueles que experimentam a vida
que tocam a arte com a alma da mão
sei que às vezes sou triste
(e gosto de ser melancólico)
de admirar dias nublados, espaços vazios e ruídos da chuva,
mas também gosto de azul
de orquídeas e de sol.
adoro fotografias e cheiro de mar
e um pouco de mim
é também um pouco do céu
e do silêncio noturno.
gosto daquilo que de tão simples
é de se amar: como a casa em que me visto
e a poesia que me escrevo.
gosto do mês de abril quando,
mesmo despedaçado,
traz a saudade de um velho amor.
falo pouco, mas revelo muito através dos olhos
que, apesar de castanhos, têm espessa claridade.
gosto de gente que se desprende,
de atores e atrizes,
bailarinos e poetas
e pintores e palhaços e arquitetos...
(e de gente sem limites pra encantar).
invento moda com meus badulaques e balangandãs.
gosto de cores, arco-íris e fovismo,
de objetos em acrílico, fibra, plástico, vidro e borracha.
gosto dos recicláveis!
não tenho tempo para os que pensam
que a vida passa sem que precisemos nos renovar.
não tenho tempo para os que pensam
que a vida passa sem que precisemos sair do lugar
porque eu gosto é do movimento,
(e dos ousados!)
dos corpos em transe,
da dança e do trânsito,
das voltas do mundo.
eu gosto é da música tocando no fundo,
trilhando a vida,
embalando os sonhos, cruzando caminhos.
eu gosto do encontro de dois,
do instante à sós, do desejo,
da língua entre os dedos, do vermelho,
do barulhinho bom que a gente faz no ato do amor,
da entrega de corpo e alma,
do suor do outro, do perfume, do incenso,
da meia-luz,
do sorriso após o gozo, do abraço
e do banho.
gosto do carinho natural que parte de mim para o outro
e vem do outro como doação.
(eu gosto é dos intensos!)
eu não lamento passados nem dou asas ao futuro
planos eu faço com barquinhos de papel
eu materializo o carpe diem
porque o agora é o agora e sempre.
eu não sou pessimista nem sonho demais
eu só acho que a vida simples faz muito mais sentido
sem brigas e pré-conceitos e tantos vícios mesquinhos
e acredito que ser elegante é ser natural
(não ser comercial, mas bem-estar-bem!)
porque o silêncio dói muito mais do que um tapa
e a indiferença já salvou muitas vidas.
eu gosto é de cuidar dos amigos
e conhecer gente nova e diferente
que é pra provar que há sempre um "por vir"
e um conceito novo a se ter,
romper barreiras e trocar idéias sobre o bom e o mau gosto.
eu gosto de filmes pacatos
(franceses, de preferência!)
de vidinhas bucólicas em ambientes urbanos.
gosto de curvas e antenas e paralelepípedos
elevadores e avenidas e prédios e praças
e bares e pubs e cafés e lounges e montanhas
e do belo horizonte das minhas Minas Gerais.
gosto de plantas, de árvores, de sombra, de mar, de pássaros
e dos meus pés.
eu gosto da cama e do meu quarto e dos meus discos
e cds e do computador e das paredes e da minha máquina de escrever
e das cartas que recebo e respondo com prazer
e do cigarro queimando enquanto penso nas palavras
e da inspiração que me perturba de vez em quando
e dos desejos que me tiram o sono...
gosto da manhã
(do amanhecer, exatamente)
e da tarde
e à noite eu me liberto.
eu sempre acho que um grande amor ainda vai me arrebatar
e que vamos ao cinema juntos, num domingo, e tomar sorvete
e brincar com a pipoca e dizer que foi tudo lindo antes mesmo de acabar
mas sem esse negócio de contos de fada e vida de filme.
eu me apaixono fácil e sou essencialmente romântico,
mas eu preservo a individualidade,
gosto do que é particular,
gosto de vidas entrelaçadas pelo amor
mas independentes pela razão.
eu não tomo conta, eu cuido
e não gosto dos ciumentos, mas sim, dos que me prezam.
ciúme é acúmulo de dúvida e incerteza de si mesmo.
ciúme é o mal do amor.
por isso, vivo leve e amo solto,
deixo ser e estar, deixo o tempo passar a seu tempo
sem pressa, sem medo, sem dúvidas.
tem dias que acordo com o mundo virado,
com ódio dos humanos e com pavor de mim,
tem dias que me levanto querendo ser um caramujo
e gosto que me deixem assim, recolhido,
porque é nesses dias que eu realmente me olho no espelho.
mas eu sou bem leve e azul
e gosto de sorrisos.
também sou tímido e reservado,
mas sei tocar trombeta e botar a boca no trombone
e gosto de samba,
de mãos e de pés e de olhos e de nucas
e de nervos expostos
e de estórias escritas com fatos
e termino com os versos de um poema catalão que diz:
"oh, sobretudo amo a sagradavida e o murmúrio do vento
nos galhos que se alçam em direção à luz!"
*Proclamado por Hugo Lima no Café do Palácio no dia 13 de outubro, gravado em mp3 por Nina Ruiz Wëg e taquigrafado por Nelson Nobu.
.
segunda-feira, outubro 01, 2007
AgENdA
sábado, setembro 29, 2007
AUSÊNCIA DE MIM
desejo estar distante
mais longe dos meus pensamentos
exilado de tudo o que me condiciona
não quero mais me corresponder com as palavras
não quero mais a mesma fuga, não quero mais a mesma dor
mas quero outra vez a mesma saída
o mesmo exílio da alma
o mesmo descanso de sempre
serão inúteis todas as outras palavras
serão inúteis todos os seus gestos
todos os meus apelos não vão me libertar
mantenho a idéia fixa de me fixar
no menor ponto de mim
e ali me guardar
concêntrico
mas não a morte, contudo
só o silêncio, só o escapar de mim
só o me guardar
só a mesma solidão
e a tristeza ao meu redor
só o mesmo quarto frio
as mesmas páginas, o mesmo vinho
e a caneta a deslizar meus sentimentos
***poema escrito em meados de 2004.
.
terça-feira, setembro 25, 2007
POR NELSON NOBU
CYBERPOET, LITERALMENTE FALANDO...
*Por Nelson Nobu
Leia também:
O(LH)ARES AO CO(R)PO
COMUNIDADE "O POETA"
.
segunda-feira, setembro 24, 2007
ERRÂNCIAS
Sob um céu de lona
traço
um retrato do amor quando jovem.
Poesia. Pois é, poesia.
De Décio
ao Pignatari azul,
na contracomunicação de
vocogramas.
Entre medula e osso,
a geléia geral.
(Arrisco um risco de
Schoemberg.)
Ainda resta, no resto da tarde,
o rosto da memória.
.
sexta-feira, setembro 14, 2007
segunda-feira, setembro 10, 2007
A PAISAGEM
OUTRA FORMA DE CORPO
OU
TRADUÇÃO DE UM SONHO EMPÍRICO
[Todas estas palavras me foram ditas num sonho]
Sou como o caracól que pousa nos olhos da planta
ou como a arquitetura da casa que é o meu corpo.
Sou como o ventre da tadre, as mãos do amanhã
os pés da noite-madrugada que persegue o meu sono.
Eu sou o silêncio ensurdecedor do desejo.
Sou o canto de um pássaro, uma phoenix de asas douradas.
Sou só mais uma porção de mar, um grão de areia,
os braços de um rio que abraça o oceano.
A textura dos meus dedos é o adeus pontilhado na sutileza dos meus gestos.
Cada vão de mim é um céu aberto, um vôo de asa-delta
pelo ar dos meus sonhos.
Um florão no meu peito
que enfeita o teto da casa de pedra-pomes.
Tenho pés-de-vento, capim dourado nos cabelos,
pedaço de brisa no olhar, que é triste, senão, azul
tão cinza como o mar vermelho.
Tenho cores na alma e estados de espírito.
Virtuoso colírio de alcançar nos meus olhos
o brilho das elétricas folhas secas
que caem aos pés do outono.
Tenho a leveza dos muitos dizeres,
o ruído das conchas, o assoprar das ondas,
o canto das sereias,
a palma da alma da mão,
o desvão do Éden, o edema de mar,
acúmulo de dias líquidos, chovoso delírio
de umedecer a terra com absinto.
.
domingo, setembro 02, 2007
CARTA EXTRAVIADA
Jaboatão dos Guararapes, Brasil - Pernambuco / Nordeste
Dia 1 de agosto do 2007
Caríssimo amigo Hugo,
Estou ritmado agora. Curtindo o beat. Sacando o groove. Indo na vibe. Sem jazz, sem folk, sem blues. Estou todo Belo Horizontado. Fragando a sensação. Hu gosto musical de Hugo Lima lima o resto do mundo agora. Estou sambando ouvindo os carros, bebendo sobre as motos, indo para a boate de ambulância (com sirenes ligadas!).
Estou todo vivendo. Em constante “não-parança”. Estou todo movido, mobilizado, lido, relido, feito traça em papel amarelado comendo o “m” da palavra. Estou te ouvindo, bailando com sua persona musical, sentindo os ritmos da sua alma. Não sou homem de detalhes (mentira) então vou sentir você na massa sonora do todo para saber quem você é (e isso talvez não seja mentira).
Estou todo abismado. Sofri uma queda em um abismo. Adentrei o vale da vida, no vão dos que estão vivendo muito, tenho me dado bem aqui.
Há sempre saudade do que já foi vivido, é bem verdade. A isso eu chamo história. História se escreve com algumas letras, portanto cartas. Cartas são diálogos costurados por monólogos, portanto atores, portanto autores. É necessária alguma direção para tudo isso, portanto comandantes do navio das vidas, portanto diretores. Para não haver sóbria e mórbida rotina é preciso alguma graça, portanto artistas, portanto brasileiros. Há que haver também algo mais que ação e reação, portanto humanos, portanto bichos homem. Há que haver um grande motivo para nos correspondermos, portanto amigos, portanto confidentes.
Te acho capaz de criar vidas, dar vida a vãos interiores genuínos ligados pelo traço da sua poesia. Você é também um rapaz abismado, Hugo, só não sei como se relaciona com os vales da vida por onde passa. Isso não importa, de fato.
Às vezes sinto você como um canal de luz que veio ao mundo trazer alguma grande mensagem. O problema é que todo bicho humano tem que carregar o tal fardo da humanidade e todas as suas necessidades. Às vezes é difícil a beça lidar com essa pequena grande variável.
Talvez seja assim com os poetas, com os artistas, com todos que trazem traços do criador. Afinal, toda criação tem um “que” de humano, toda criação tem um “que” de divino. Cabe a nós permear essa existência com busca, com alguma dúvida eterna e então aceitar o que vier.
Vamos aprender com o sertão e os pássaros. Deixemos o resto ao som do silêncio ou de alguma música. Que a vida seja uma ópera rock ou uma singela canção. Que tenha sempre um solo de clarineta. Que quando chorar, eu soe um trompete e, quando delirar, soe uma harpa.
Sou sempre próximo, Hugo, mesmo quando pareço distante. É que eu estou sempre indo, difícil é saber quando vou chegar.
Abraços fraternos,
Fred FurtadO.
.
terça-feira, agosto 14, 2007
ME OFEREÇO
Adoro prazeres
Sei andar de bicicleta
Giro discos de vinil
Gosto de jazz
Escrevo amores no muro
Me finjo de bobo
Bebo água da chuva
Conto estrelas
Reinvento amores
Faço das tripas coração
Invento tardes poéticas
Enfeito cartas floridas
Coleciono livros
Confeito madeleines
Me lambuzo em chantili
Guardo chaves no tempo
Desenho risadas avulsas
Bordo borboletas
Costuro poemas
Recrio paisagens
Faço yoga
Fotografo dias cinzentos
Faço promessas ao pé do ouvido
Às vezes acordo nublado
Durmo de concha
Desejo noites em claro
Lustro desejos e
Transpiro madrugadas em silêncio.
Eu me ofereço pela metade do preço.
.
terça-feira, agosto 07, 2007
...
Visto-me com as estrofes de um poema sujo
Abotôo seus botões de versos
(e) ajeito frases e dizeres.
Calço as rimas e dou um nó.
Caminho palavras pela noite escura.
No bolso esquerdo, minha cultura posta em questão,
No céu da boca, a poesia em pânico,
Na ponta da língua, presságios do meu desejo,
Na ponta dos dedos, o sentimento do mundo,
Presos na garganta, poemas malditos, gozosos e devotos
E na palma das mãos, minhas primeiras estórias.
Com meus olhos de cão, enxergo além da vida
Uma passagem do tempo – transcendental e metafísica.
O caminho para a distância que se abre dentro da noite veloz
É apenas uma vertigem, uma transmutação do medo.
Sou um cão sem plumas, educado pela psicologia da composição.
Vivo a vida passada a limpo no eterno brilho de um retrato natural.
Perto do coração selvagem, guardo os desastres do amor, os subterrâneos da liberdade e as impurezas do branco.
Caminho perdido no meio do caminho
Como quem quer e não quer encontrar uma lição de coisas
Coisas que não sei o nome, coisas de um segredo oculto,
Coisas que não dizem nada, coisas que me dizem tudo.
Caminho em ritmo dissoluto. Só, triste, confuso...
Há uma gota de sangue em cada poema
Que escrevo com as palavras que caminho.
Abotôo meus versos como se perdesse a vida
Caminhando distraído pela noite escura.
Nas cinzas das horas, meu coração e meus passos
Sussurram aos meus ouvidos:
- Distraídos venceremos!
E aqui, a história se acaba
aqui, eis o fim de tudo
aqui, eis o fim que se foi
E me dispo.
[...]
.
TRANSITISMO
transição
transitório
transito
transmito
transmuto
transcrevo
transfiro / sentimentos
traduzo / sensações
translúcido
/ dentro do meu transsentir.
transcorro minha vida
minha lida, lida dor
dor lida
transcrita em papéis de translhetins.
De mim, saem transeuntes
transcendentes
transcendentais
transfundidos
transigentes
trasmissíveis
/ pensamento transitário
/ transmatriz.
a eloqüência / a alusão
a elucidação do meu contrário
translatário
transformação
transmaginário
trans-unção
transfusão
.......................
transitor,
transminto
transitismos
ao suportar a transição
do meu ser transitório.
.
CORRESPONDÊNCIAS
correspondências
correspondentes
correspondances
correspondences
correspondencia
cartas avulsas
avessas
avencas
alforria literária:
"cartas também são gestos poéticos."
.
DELICATEZ
SER-TÃO
O ser-tão dos sertões
rosa, guimarães
redemoinho dos ventos
sussurruídos e retrovões
veredas, descaminhos
fabulações das passagens.
- Nonada. Tiros que o senhor ouviu
foram das travessias disparadas.
o Sertão está em todo lugar!
.
N.Y.
para Gus Braga e Nina Ruiz, amantes iorquinos de N.Y.C.
Comun-ic-ação entre
sirenes
buzinas
semáforos
olhares
gestos e
sinais
entre
hellos
e goodbyes.
.
terça-feira, julho 31, 2007
MUDANÇA
NOITE
grão de coisa
lua
escarlate
noite
que brilha
dentro
de mim
vida
que nasce
corpo
que move
criança
que chora
com saudades
da mãe
poeta
que sofre
poema
que escreve
dia que não
amanhece
noite. só noite.
escuridão.
velas-não-se
coisa
lugar pra se guardar
lembrança
meia-noite
lua cheia
alguma coisa
dita regras
vai o morro
cavar o mundo
mundo grande
descoberta
vasto mundo
universal
raimundo
solução
edificar
é de ficar
no tempo
noite. só noite.
escuridão.
peças frias
pele morta
nausear
precisar
loucura
sangue que
escorre
gente que
passa
olho que
vê
a vida
passada
passar
não acode
nem avisa
aterriza
aterrizar
noite. só noite.
escuridão.
silêncio
mudo
um poema
nas mãos
é meu nome
completo
Hugo
leve
nuvem
dentro
ele não enxerga
ele não escreve
ele não me encanta
canta não canta
encanta
um canto breve
ele vê
e (se observe)
no tempo
ele escreve
ele espera
dia após o outro
volta
revolta
retorna
e torna a
enlouquecer
brisa
enfim
amanhece
aparece
umedece
enlouquece
em silêncio
..................
tarde lilás
telhado amarelo
azul anil
noite. só noite.
escuridão.
.
CIDADE GRANDE
Casas entre arranha-céus.
O dia passa depressa.
Um homem vai correndo
(o táxi também).
Depressa, meu corpo levita.
Eta vida vesga, meu Deus!
.
CORPO EM TRANSE(TO)
para Linsadora Sttérferson, minha querida.
Um homem nas palavras
atos, círculos, formas
Um homem no tempo
no interior de si mesmo
Um homem nas esquinas
de uma cidade que o ultrapassa
Um homem no trânsito
no corpo de sua formação
Um homem na espera
nas janelas da alma
Um homem nas saídas
partidas e chegadas
Um homem em movimento
nos transes do espírito
Um homem iluminado
Não é deus, não é buda
nem é santo
é apenas Um homem
sem passado, sem presente, sem futuro.
.
CET APRÈS-MIDI
IMAGES ET IMAGES
TRONÇONNEZ LE VERRE DANS L'ÉTAGÈRE
LE PASSAGE DE LA VIE
ET PRESQUE TOUT HOURS DE LA PLACE.
LES HEURES N'ÉTEIGNENT PAS LES JOURS
MAIS ILS AINDENT POUR OUBLIER LE TEMPS.
.
DURAÇÃO
te repito:
era assim o gosto
da tua carne nua
branda
macia
quase crua
teu sabor de pele
teu gosto de sol
ardendo em minha boca.
teus olhos castanhos
tua cor, tua vulva
tua intensa loucura
delirante,
teu "despejar-se" sobre mim...
Sim, te repito:
e no gozo da alma em transe
o prazer de estar só
e só
no silêncio dos amantes.
te repito
te rapto
te abandono
te abduzo.
.
DE UM LIVRO
Nietzche inventou as origens do sujeito fractal
no ciberespaço e na metafísica da subjetividade.
A desintegração do objeto na era do pensamento
é comun-ic-acional.
Na sociabilidade virtual, o subjetivismo moderno
ultrapassa
a informática da comunicação.
epílogo:
semióticos prólogos
protótipos poemas
(corações) e índices.
.
ABAPORU
quinta-feira, julho 26, 2007
TERÇA
para Ana Cristina César.
terça frase. terça razão.
terça metade de um todo.
terça semana. terça ação.
terça resposta.
terça diária. terça ilusão.
terça imagem exposta.
terça arte. terça à tarde.
terça cor. terça.
febres terçãs e palavras
com seus quartos sentidos.
.
ESPERA
Anoiteceu e
até agora
nenhuma palavra foi dita.
Ele segurou minhas mãos,
olhou-me nos olhos,
deitou-se no meu colo,
acariciou os meus cabelos,
balbuciou alguns poemas,
até tocou alguns discos
e eu, pelo visto,
dancei com o seu silêncio.
.
SOMOS SAPOS
Tolos que somos,
e não somos primeiros,
compreendamos:
a grande arte é como
o Louvre de joelhos!
.
VÔO-LIVRE
para escrever em linhas tortas:
ser Deus (de papel)
.corpo
dinamizantes sentidos
opostos-se atraem
palavras
de um dicionário [lúdico]
eu me denomino
a bo mi no
/ e exociso
o "SER"
para escrever na diagonal:
m e t a f í s i c a.
coisas sem-nome (pelo avesso)
poemas descritos
linhas retas, curvas, turvas
.sentimentos
desejos
que vão saltar
l
i
g
e
i
r
a
m
e
n
t
e
do 100° andar
de mim.
.
EM QUANTOS?
para Eloísa Heisenberg.
92795 2 2235 2
520 0 0 652
301 3 0 862
1699 1987 1/02
1699 522 653
6345 22 670951 0
6.
.
CYBERNÉTICA
A carne está obsoleta.
A partir de agora sou
proto-humanista.
apeiron?
nec plus.
ultra(?)
Quais são os desejos de um
cyborg?
Os mais íntimos?
E os mais intensos?
Videota (couch potato)
Introdrogado (information junkie)
tecnófilos, on.
tecnófobos, out!
.
APARÊNCIAS
isto não é isto
nem aquilo
é este
e este não é este
nem aquele
é esta
e esta não é esta
nem aquela
é nesse
e nesse não é nesse
nem naquele
é nela
e nela não é nela
nem nele
é em mim
.
EXPIRAÇÃO
Si, quase, guspe
Clã do jabuti
Remate de males
A poesia que não é
A frase que não diz
O movimento que não faz
Macunaíma - A paulicéia desvairada
São Paulo! Comoção da minha vida
Uma face do meu verso
que até pensei não existir...
Um pouco do sangue deste tempo
é a hemorragia de uma era
era Abapuru, tristíssimo
em seu quadro, quieto
feito de terra
.....................
.....................
Si, quase, guspe
Clã do jabuti
Remate de males
Não quero dizer nada
porque a poesia não é
a frase não diz
o movimento não faz
e eu não sou poeta.
.
quinta-feira, julho 19, 2007
RESPOSTA
para Nelson Nobu
Minha poesia?
Ah, minha pobre poesia...
Tão trêmula em seus contornos,
tão simples e tão frágil,
tão assim, tão assada,
tão crua de si mesma.
.
sexta-feira, junho 29, 2007
METRÓPOLIS
trânsito em transe
tensão nos sinais
velozes e vermelhos
- semáforos:
tráfego
transito entre as trapaças
dos tensos veículos
- canais:
faixas e pedestres
códigos e bandeiras
óxidos e monóxidos
- quatro tempos:
sirenes e trincheiras
túneis e avenidas
estações - e ruídos
infernais:
metrópolis.
.
terça-feira, maio 29, 2007
DIVERSIDADE CULTURAL
* Texto escrito por Hugo Lima em 29 de maio de 2007, extraído do "Seminário Diversidade Cultural - Educação, Desenvolvimento Humano e Desdobramentos".
quinta-feira, maio 17, 2007
EXPLOSÕES/ ISCAS/ SEXTAS-FEIRAS 13/ ALUSÕES REPENTISTAS/ E O CACETE...
Esmiuçando
Esfiapando
E despedaçando
Desmorono-me e revelo-me em nuances
No prisma de meus eus e ais.
Assim sem mais,
Me traduzo ao pé da letra,
Ou tento:
Fragmento sem encaixe
De poema sem saída.
Cafarnaum de partes e pestes
E portos e places,
Sem cais e cordas,
Com caos.
Editor de rasuras, em explosões repentistas.
Foguetório/Crematório das neuroses,
Psicoses e metempsicoses.
Escarcéu de cores, cóleras, taras, crimes,
Desvãos prateados
Engalanados de noturnas insônias, infâmias, insânias
E blasfêmias.
Limo cor de musgo.
Céu cor de gelo.
Vou abrindo e fechando
Fechando e abrindo
Minha caixa de Pandora.
Sou sócio, carteira assinada e livro de ponto,
Do clube onde poesia e fogo se entremeiam.
Componho partituras em sílabas,
Fundindo escrito e oral
Na marra, no pau
À beira de um troço.
Mas eis que fico tonto,
Escuto vozes,
Misturo-me às alucinações
Feito simbiose.
Sigo,
E não traduzo
As algaravias ruminadas
Das vias esburacadas
De minha carcaça estofada
De tudo o que abrange
A palavra enigma:
Apraxia.
Sou senhor de mim mesmo
Até onde olhos vêem.
Descendo das elegias, das odes, das palinódias,
Das paródias, das glosas, dos sonetos,
Dos tercetos e sextetos, cianuretos,
da poesia incrustada feito fruta cristalizada
no pão doce.
Da expressão chama+abc,
Do canhão lançador de sincretismos ilusionismos e paradigmas
À fortaleza inimiga.
Da porralouquice
Em freadas bruscas.
Da iconoclastia, da iconolatria,
Da magia negra.
Das macumbas, das quizumbas, catacumbas.
Do moderno, do inverso, do inverno,
Da “boca do inferno”
Eis Gregório incorporado.
Do Santo do Pau Oco,
Do espírito de porco.
Da relva, do lodo,
Da selva, da maluquice dos manicômios dos malucos.
Da venda dos olhos,
Da fenda das falhas,
Das fagulhas.
Das imperfuráveis madeiras brutas,
Parceiras e sócias majoritárias
Do clube de minhas sextas-feiras
Treze.
Da matéria, da antimatéria,
Da arte que pulsa na artéria.
Dos desabafos fantásticos do Sairlomoon:
O ourives.
Do simples ato de escrever
Para anuviar os excessos
Para despistas os ardis
Para decifrar os enigmas
E apagar o incêndio
Que de tão abastado
Reduz a escrita a um mero pano molhado...
.
domingo, maio 06, 2007
CARTAS EXTRAVIADAS - PARTE 1
sábado, fevereiro 17, 2007
segunda-feira, janeiro 01, 2007
RESSACA
das doze sementes de uva
das três ondas puladas
das setes rosas brancas lançadas
das nove velas acesas
dos cinco incensos de nardo
dos onze nós desatados
dos três peixes comidos
das oito fitas amarradas
dos quatro pulinhos na areia
dos seis pedidos ao santo
das duas taças quebradas
das treze champagnes estouradas
das promessas e oferendas
de toda a elegância esbanjada
das incontáveis fotos tiradas
da pirotesca queima de fogos
das moquecas, bobós e do vinho
de toda a festa celebrada
restou a insatisfação da natureza
que o mar devolveu.
ALMEJO

+ amor + saúde + paz-de-espírito + bem-estar + dinheiro + alegrias + sucesso + inspiração + bons restaurantes + paciência + livros + tranqüilidade + jazz + respeito + educação + força-de-vontade + justiça - violência + sabedoria + inteligência + informação + bons cafés + samba - preconceitos + arte + união + poesia + conforto + amigos + poemas + igualdade + bossa nova + sorrisos + compreensão + solidariedade - fome + literatura + lounge + viagens + cultura + realizações + dança + teatro + ascenções + sol + cartas + criatividade + imaginação + estudantes + paisagens + fé + champagne - pressa + dinamismo + interação + bençãos - discriminações + doações + paixões + bons filmes + cores + músicas + fotos + reflexões + perdões + participação + inclusão social - inveja + documetários + orquídeas + amantes + amendoeiras + janelas - falsidade + romantismo + prazeres + bons vinhos - stress + house music - conformismo + liberdade de escolha + liberdade de expressão + opiniões + segurança + compromisso - descaso + djs + tolerância - arrogância + comunicação + diálogo - pessimismo + moda - depressão - problemas + soluções + esperança + grandes acontecimentos - mortes acidentais + oportunidades + leveza - absurdos + ousadia - egoísmo + gentileza - brigas + manhãs de domingo + feriados prolongados + sonhos + prosperidades + possibilidades + 2007 maneiras de fazer deste ano o primeiro dos melhores anos de nossas vidas!