ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva”
(carlos drummond de andrade)
Para a metamorfose: lagartas e borboletas
Para fugir da representação fixa da realidade: camaleões e seus disfarces
Para impelir os seres e as coisas: movimento das águas e dos ventos
Para a revolução: vendavais, terremotos, ciclones e tempestades
Para a criação: germes, sementes, brotos e mudas
Para a renovação: coração, faíscas e fogo.
*Inspirado em Radovan Ivsic, nas palavras de Eclair Antônio Almeida Filho.
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esta é Santos como você nunca viu
do lado de dentro do balneário
praias lotadas
jardins monumentais
turistas barulhentos
café paulista
jardim de orla
maior do mundo
num salto de paraglider
do alto do Morro do José Menino
cafeterias italianas
e um lírico milk-shake de café
casarões azulejados
superfeijoada paulista
cidade quieta
antiga.
todo mundo tem um pouco de São Paulo.
todo mundo tem um jeito de ser Santos!
deve-se chegar com a alma leve
virar-se pássaro
sentar-se e ver a vida passada passar
no calçadão, a mureta sinuosa
acompanha o traçado irregular da pérgula.
formigas gigantes para vestir de boneca
café carioca
alforria dos escravos
cassino Mont Serrat:
a jogatina dos endinheirados
santistas mascarados.
santos está em qualquer mapa do mundo
pela saudade dos que se foram
pela alegria dos que chegam
pela beleza dos que ficam.
era o fim.
todo mundo tem um pouco de São Paulo.
todo mundo tem um jeito de ser Santos!
três vidas: café, modernidade, farofa
farofeiros santistas
copacabana palace paulista
porte monumental e os lindos vitrais estão lá.
palacetes decrépitos
trens do valongo
são paulo railway
as mil e uma noites
do essencial kama sutra
fonte inesgotável de prazer.
ilusões perdidas
cristal da boêmia
o paulista é uma beleza!
o paulista tem um céu irrestrito
santos virou de costas pra si mesma!
santos virou-se de costas pro mundo!
todo mundo tem um pouco de São Paulo
todo mundo tem um jeito de ser Santos!
e é assim o mundo que eu vi.
meigos balanços infantis...
“eu fui na fonte do Itororó
beber água, não achei
achei bela morena
que no Itororó deixei...”
...
da fonte
só sobrou um cano, seco.
do Itororó
só restou a lembrança
que ficou no lirismo ingênuo
da canção infantil,
e basta!
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