sexta-feira, dezembro 22, 2006

UTÓPICO RETÓRICA (STICK POEM PART 1)


.do exterior.
.lado de fora.
.out.
.mostra.
.exposto.
.exibição.
.externo.
.aparência.
.superfície.
.aspecto.
.visível.
.público.
uma parte remota romonta os extremos
> lados opostos <
TRAVELINGS
allons z'enfants...
{ Imagem e poema: Hugo Lima }
.

UMA IDÉIA PRA NÃO SER...


[;] talvez esteja óbvio, talvez esteja oculto...
basta saber ler nas entrelinhas.
____________________________
____________________________

DELA

violetas na janela
e sofás de veludo,
cozinha azulejada
e gesso no teto,
dois quadros na sala
e samambaias no banheiro.

poemas grafitados
nas paredes do quarto e
uma placa escrita
com baton vermelho na porta:


"do No t disturb."

terça-feira, novembro 28, 2006

O VISIONÁRIO

da série: "Remix: Século XXI"


à memória de Murilo Mendes.


Sou o filho do século,
Da restauração da poesia em Cristo.
Sou o visionário
No mundo enigma da poesia liberdade.
Sou a múltipla facedo Ser ou não Ser? Eis a invenção.
Sou o profeta do múltiplo
O que é não é
Enquanto tudo a minha volta é anunciação.
Percorro tempo e eternidade
Num mundo aparentemente abandonado por Deus.
Mas sobrevivo sempre
Porque o tempo sobrepõe-se à idéia do eterno.
Se é preciso morrer de tristeza e nojo,
Morro porque amo, por solidariedade.
Sou ligado pela herança do espírito e do sangue,
Do santo do demônio, do anjo e do mendigo,
do deus e do poeta, do que caminha sobre as ondas...
Que construidos a minha imagem e semelhança,
Morrem pela angústia do Murilo.
.

AUTOPSIA

>> para vera casa nova...

idiocoma - eletrosincronizaçãopoética
patética poesia
cartas e farpas
alienação do caos
caóticos extremos
extrema-unção dos pecados silábicos
histérico--psia
metalformadeversos
versoloscopia aguda
agudez de espírito
espiritualização do tema
temática litúrgica
liturgia circunflexa
circunferência.
elementos do tópico
suplementos utópicos
tematização abstrata
abstração dos versos
ridicularização do movimento
movimento d'eviantar
espaços-fragmentos
celulose de tinta
papel aos maços
cigarros e seringas
bisturís videofônicos
para a extração do látex
látex alcoólico
alcolismo alucinógeno
-- razão deste poema --
causa conseqüência
auto-re[in]verso


.

AMORES



de segunda à quinta, amo os papéis
às sextas, amo os copos
aos sábados, amo cinema
mas, só aos domingos consumo o amor.

---


segunda-feira, novembro 20, 2006

DILEMA

e por outras razões que podem parecer um pouco mais esclarecidas...




.

quinta-feira, novembro 16, 2006

→ POR UM MOTIVO OU UMA RAZÃO...

por um motivo ou uma razão não tão esclarecida...



tec tec...
tec tec terec tec...
tec terec tec tec tec terec tec tec tec...
crash... plim!
[.............................................]


.


domingo, novembro 12, 2006

...E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE

da série "Nus, Florais e Pingue-Pongue"
.
casamento. lua-de-mel. concepção. gravidez. cuidados. gestação. decoração. obstetrícia. parto. papai. mamãe. bebê. família. fraldas. vacinas. pediatria. truques&dicas. informação. batizado. dentição. primeiros passos. berçários. creches. escola. educação. alimentação. fonoaudiologia. traumas. psicologia infantil. alopatia. homeopatia. curas. palavrões. religião. esportes. lazer. férias. adolescência. moda. ginecologia. ciência. tecnologia. genética. formatura. festas. namoro. independência. sexo. diálogo. riscos. depoimentos. filho-problema. drogas. doenças venéreas. preservativos. anticoncepcionais. gravidez. erros&acertos. filhos. avós. vasectomia. laqueadura. serviço. entrevista. emprego. babá. faculdade. direitos. eleições. impostos. crises. separações. divórcios. terapia. análise. reclamações. queixas. desemprego. frustração. aposentadoria. velhice. maus tratos. morte... será que evoluímos?
.
*Crônica de Hugo Lima publicada no site da i-d como ilustração da crônica moderna.

segunda-feira, novembro 06, 2006

→ 50º POESIA CONCRETA - part 3

conclusão...




Poema: feli[c]idade, de Hugo Lima.
..............................................
.

domingo, novembro 05, 2006

→ 50º POESIA CONCRETA - part 2

aos precursores do concretismo...



friedrich achleitner / alain arias-misson / h.c. artmann / stephanbann / max bense / edgard braga / claus bremer / henri chopin / carl friedrich claus / bob cobbing / reinhard döll / torsten ekbon / öyvind fahlström / carl fernbach / ian hamiltonfinlay / larry freifeld / john furnival / heinz gappmayr / pierre garnier / mathias goetitz / ludwig gosewitz / bohumila grogerova / josef hirsal / josé lino grunewald / brion gysin / al hansen / vaclav havel / helmut heissenbüttel / dom sylvester houedard / ernst jandl / bengt emil johnson / ronald johnson / hiro kamimura / kitasono katue / jiri kolar / ferdinad kriwet / frans van der linde / arrigo lora-totino / jackson mac low / hansjorj mayer/ franz mon / edwin morgan / maurizio nannicci / hans-jorgennilsen / seiichi niikuni / ladslav novak / yusef pazarkaya / luiz angelo pinto / carl friedrik reutersward / diter rat / gerhard rühm / aram soroyan / john sharkey / edward lucie smitch / mary ellen salt / adriano spatola / daniel spoerri / vagn steen / andré thomkins / enriqueuribe valdivielso / paul de vree / emmetwilliam / pedro xisto / tasuo fujitomi / marcelo dollabela / martin salomon / herblubalin / r.meyer / h.troxler / raymon gid / yvette vibert / lindsley daibert / alain roger / marcello diotallevi / reinhold koehler / felipe boso / jacques roubaud / bernardo schiavetta / jean dupuy / langdon wenoab / jérôme peignot / tom ockerse / marcel jacno / jean-fronçois bory / guy de cointet / grapus / jochen gerz / paul rand / gene federico / claude melin / alan ridell / john crombie / rémy peignot ...........................................................................................
......................................................................................................
......................................................................................................


... os meus parabéns pelo 50º.


P.S. Interessante :: www.concretismo.zip.net
.

sexta-feira, novembro 03, 2006

→ 50º POESIA CONCRETA - part 1

em comemoração ao 50º poesia concreta...




quem será que está por trás de tudo isso?
[....................................................]

.





segunda-feira, outubro 30, 2006

ENTRE O SER E AS COISAS

baseado no poema XVI, de Hilda Hilst. extraído do livro “balada de alzira”.
“onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva”
(carlos drummond de andrade)

escrevo triste no meu canto. só – como sempre estive. só – como sempre estou. descubro as paredes se movendo. elas dançam diante dos meus olhos. guardam meu segredos e são fieis ao meu silêncio. amanheço em sua brancura amarelada refletida pelos raios de um sol que eu nunca vi. eu não mereço ser Deus para iluminar. tenho hábitos noturnos e sou adepto da escuridão. tenho black-outs internos [...] penso nas coisas e percebo que elas não existem. “o que vemos das coisas são as coisas”, mas o que existe é uma idéia melancólica e suave que fazemos delas. uma idéia abstrata e móvel das coisas fixas. a minha mesa de escrever é feita de amor e de submissão. no entanto, ninguém a vê como eu a vejo. para os homens, é feita de madeira e coberta de tinta. para mim também, mas a madeira somente lhe protege o interior e o interior é humano. há um gesto de cumplicidade entre o ser e as coisas. um elo que os envolve. um afeto incomensurável capaz de transcender tempo e espaço e perfazer-se num valor sentimental inimaginável. os livros são criaturas. cada página um ano de vida, cada leitura um pouco de alegria e esta alegria é igual ao consolo dos poetas quando permanecemos inquietos em resposta às suas inquietudes. estas linhas guardam a minha indagação. o café excita a consciência irracional, o lumière ilumina as palavras e os dicionários dão sentido ao que envolve o ser humano. há passagens do tempo que os relógios não contam... é nesta solidão que me dispo diante dos versos que espelham o meu corpo, a minha vida, a minha dor. ando indagando às minhas dúvidas se, submerso, compreenderei o sentido das coisas. e o que tenho como resposta é a cumplicidade das paredes. faço amor com minha máquina de escrever. acaricio seus seios alfabéticos enquanto ela me devolve ininterruptos argumentos sobre o que se passa nos meus pensamentos. há um elo entre nós, um laço de afetos. deixo-me estar neste eterno envolvimento. aqui reconheço minhas digitais em todos os cantos, esses cantos que me abrigam só. escrevo triste no meu quarto e então percebo que as coisas não existem. a idéia, sim. a idéia é infinita igual ao sonho das crianças.
.
(Intertextos: Hilda Hilst/Fernando Pessoa)
.

segunda-feira, outubro 23, 2006

ALGUÉM SE ATREVE?


lésbicas de patins. submissos, pedófilos, sádicos e afins. menininhas perigosas, necrófilos, ninfetas pervertidas e dias nublados. mulheres gordas, homens sedentos, vitrines quebradas e esqueletos. adolescentes andróginos, ruas estreitas, velhos tatuados e galerias desertas. alguém se atreve?
.

SLASH FICTION


unresolved sexual tention:
bondage and domination
sadism or masochism
non-consensual
drinking-bout or monogamy
hurt / confort
("plot, what plot?")
.

ESSENCIAIS

Para os amigos.



Para a metamorfose: lagartas e borboletas
Para fugir da representação fixa da realidade: camaleões e seus disfarces
Para impelir os seres e as coisas: movimento das águas e dos ventos
Para a revolução: vendavais, terremotos, ciclones e tempestades
Para a criação: germes, sementes, brotos e mudas
Para a renovação: coração, faíscas e fogo.

*Inspirado em Radovan Ivsic, nas palavras de Eclair Antônio Almeida Filho.

.

domingo, outubro 22, 2006

FACETOGRAFIA EM POLKA DOTS


decomponho-me em papeis de parede
e recomponho a forma
em vitrais e lustres.
sou romântico e erótico
e me estendo ao nouvè.
fui fragilmente reconstruído em mosaicos
com meus sentimentos aos pedaços
e o coração na mão.
sou um artista, um poeta,
uma revolução incessante
num melodramático clichê.
sou feminista, machista, nascisista
entre o ser e o não-sense.
não faço sentidos,
deixo-os por fazer...
sou apenas prlífico
revelando por partes
o que é TODO em mim.
a febre é só um estado de SER
entre Francesca Woodman
e minha facetografia.
(dois (es)passos numa dança)
desappearing act:
woodman's space 2 series; from
Polka Dots.

.

A CODE O CÓDIGO



um poema visual
......................
.

C'EST LA FAUTE À SARTRE

da série: "Remix: Século XXI"


li Sartre sem saber.
submergido no diário de uma guerra estranha
observando a filosofia dos espaços
que deliberam-se entre o ser e o nada.
reconstruindo essa imagem lúbrica
que se distorce a cada instante
enquanto a palavra-metamorfose filosofa
tentando ser a pedra (episcopal, talvez!)
esfacelei-me numa frase estapafúrdia
que, inquietante, diluía os meus sensatos
pensamentos que vagueiam entre a poesia
e a face ultiforme do meu ser em transição.
nada me consola, tudo me abstrai.
busco atordoado no dicionário das idéias recebidas
a imagem do homem de letras prolífico:
o romancista, o dramaturgo, o poeta,
o panfletário, o filósofo pós-cartesiano...
e só sei que nada sei. Me perdi de vez!...
nada me reflete, tudo me confunde.
a minha obra é tão pequena diante do meu corpo!
nada exala a minha essência, tudo exibe a minha dor
nenhuma palavra traz de volta a imagem concreta
do ser que sempre/nunca fui...
perdido na loucura (in)existente
nada me resta, tudo me apavora.
fecho as aspas e permaneço na leitura...
a náuse
as moscas
o muro
o ser e o nada
c'est la faute à Sartre (?)
.

CRENÇAS, CREDOS E... RELIGIÃO NÃO SE DISCUTE!

da série: "Nus, Florais e Pingue-Pongue"


Ana revê os conceitos envelhecidos dentro de si, enquanto Clara corre à livraria e se perde em meio a tantos livros esotéricos. Lúcio faz uma investida parabólica pata travar contatos imediatos com o olho gordo, enquanto Amadeu conclui que o ser humano é uma espécie de pára-raios. Olívia acredita que cada um de nós funciona como imãs atraindo forças positivas e negativas, enquanto Marta só quer saber de missa, novena e confissão. Estela diz que quer chegar às divisões moleculares das coisas para atingir a origem do universo, enquanto Márcia busca uma explicação científica para o olhar. Lúcio agora ignora qualquer tipo de amuleto, pedra ou talismã contra mau-olhado só porque a namorada resolveu estudar parapsicologia. Sílvia decidiu se render ao Axé Ilê Obá desde que fora atingida cruelmente por aquele terrível olhar-de-secar-pimenta. Lizete afirmava que mau-olhado pode destruir relações afetivas, desfazer casamentos, levar a pessoa à penúria e até a morte, mas agora acredita piamente que só Deus possui poderes para isso. Helena acende incenso, ergue o patuá, reza e junta a roupa velha, enquanto Elza, Arminda e Eulália se preparam para tomar um banho de arruda e sal grosso. Anita garante que sabe o segredo para reverter o mau-olhado em bom, mas Mônica nem acredita mais nesse ritual de reversão. Hugo resolveu meditar e seguir o Bhagavad-Gita e sua mãe até admira essa independência espiritual. Marco cismou de que agora é ateu, mas vive dando graças a Deus! Eugênia agora é espírita e Cezar, seu marido, quer se separar porque acredita que espiritismo só atrai o azar. Vera insiste de que é católica apostólica romana, mas Eneida jura de pés juntos que a viu entrar numa igreja evangélica. Carlos agora pertence ao candomblé, Luíza à umbanda e Vinícius está encantado com o zen budista. Larissa diz que vai ser agnóstica quando crescer e Bruno, seu irmão, não quer mais saber dessas coisas de religião. Érika costuma dizer que a yoga vai conduzi-la ao nível máximo de iluminação e eu... Bom, eu acho que somos todos budas em potencial!
.

sexta-feira, outubro 20, 2006

SOU CLARICE

da série "Remix: Século XXI"


Homenagem à Clarice Lispector dedicada à Vera Casa Nova.


sou Clarice enquanto houver em mim
uma legião estrangeira capaz
de unificar o meu complexo vínculo de estranheza natural
e o subconsciente da minha inteira tradução.

sou Clarice enquanto houver medo nas entranhas,
enquanto houver pânico nas esquinas,
enquanto tudo fizer sentido
e eu estiver à margem.

sou Clarice enquanto houver um átimo de felicidade clandestina
que possa restaurar o meu estado de ser, estar, permanecer...
porque não sou. Não estou. Não permaneço.
eu apenas vivo entre o eu e o não-eu do pensamento.

sou Clarice, a mulher incontida
e serei enquanto Macabéa existir.
- Maca - o quê?
sinônimo de ternura e inocência.
(*nonsense da vida fora da introspecção narrada).

sou Clarice, perdida na cidade sitiada.
eu estou nas entrelinhas. eu coso para dentro.
eu me abro em fragmentos.
sou uma artéria dilatada.

sou Clarice.
eu sempre serei.

.

OVERNIGHT

(roteiro completo para uma noite de insônia)


treze ensaios de nietzsche
onze artigos de freud
uma entrevista de godard
nove galerias de man ray
quatro romances de dostoiévski
sete poesias de hilda hilst
dezoito sonetos de cummings
as correspondências completas de ana cristina césar
o essencial de caio fernando abreu
as cartas extraviadas e outros poemas de martha medeiros
cinco filmes com pola negri
doze suítes de rimski-korsakóv
oito telas de frida kahlo
seis textos de guimarães rosa
duas teses sobre saramago
quinze cadernos de sartre
três cores de almodóvar
as obras completas de mário de sá-carneiro
os exercícios de levitação de ledusha spinardi
dezesseis crônicas de drummond
uma autopsicografia e os desassossegos de fernando pessoa
dezenove contos de joyce
vinte poemas de amor
e uma canção desesperada.

.

LIDA DOR



ando enlouquecido com tudo o que diz respeito a minha dor.
ando entorpecido...
minha dor estarrecida
minha lida, lida dor
dor lida...
meus sentimentos d’alma...
como se a minha própria alma
fosse também a minha dor.
ando distraído,
falando sozinho, me guardando em segredos,
suportando meus pesos.
minha loucura exposta
na eloqüência dos meus versos.
a cada rima um tiro certo contra o peito.
a poesia corrompendo o ego
cada espaço deformando o corpo
e as palavras...
incaláveis palavras remoendo as superfícies.

.

TRÂNSITO

.
pessoas que vêm de dentro
pessoas que vêm de fora
pessoas que me atravessam
[..................................]
.

O MUNDO QUE EU VI

para Laura Capriglione




esta é Santos como você nunca viu
do lado de dentro do balneário
praias lotadas
jardins monumentais
turistas barulhentos
café paulista
jardim de orla

maior do mundo
num salto de paraglider
do alto do Morro do José Menino
cafeterias italianas
e um lírico milk-shake de café
casarões azulejados
superfeijoada paulista
cidade quieta
antiga.

todo mundo tem um pouco de São Paulo.
todo mundo tem um jeito de ser Santos!

deve-se chegar com a alma leve
virar-se pássaro
sentar-se e ver a vida passada passar
no calçadão, a mureta sinuosa
acompanha o traçado irregular da pérgula.
formigas gigantes para vestir de boneca
café carioca
alforria dos escravos
cassino Mont Serrat:
a jogatina dos endinheirados
santistas mascarados.
santos está em qualquer mapa do mundo
pela saudade dos que se foram
pela alegria dos que chegam
pela beleza dos que ficam.
era o fim.

todo mundo tem um pouco de São Paulo.
todo mundo tem um jeito de ser Santos!

três vidas: café, modernidade, farofa
farofeiros santistas
copacabana palace paulista
porte monumental e os lindos vitrais estão lá.
palacetes decrépitos
trens do valongo
são paulo railway
as mil e uma noites
do essencial kama sutra
fonte inesgotável de prazer.
ilusões perdidas

cristal da boêmia
o paulista é uma beleza!
o paulista tem um céu irrestrito
santos virou de costas pra si mesma!
santos virou-se de costas pro mundo!

todo mundo tem um pouco de São Paulo
todo mundo tem um jeito de ser Santos!

e é assim o mundo que eu vi.

meigos balanços infantis...
“eu fui na fonte do Itororó
beber água, não achei
achei bela morena
que no Itororó deixei...”
...
da fonte
só sobrou um cano, seco.
do Itororó
só restou a lembrança
que ficou no lirismo ingênuo
da canção infantil,
e basta!
... .. . ... ... ... .. . .
... .. . ... ... ... .. . .
... .. . ... ... ... .. . .

.

PAISAGEM



no extremo arco do infinito
um labirinto
.

A POESIA

a suprema forma da beleza.
criação rítmica da beleza.
pouco importa, contudo
definir o que seja poesia.
ela é indefinível
porém, definidora.
.

OS IDOS

à memória de Malthus Balzác


em virtude dos belos anos sós
uma vida inteira é jogada fora.
em rumores de medo nessa sina
empobrece a emoção da vida.

enamorado da desconfiança
num cruento insaciável de lembranças,
uma lágrima brota dos olhos seus
sem saber o seu destino.

tudo se transforma e improvisa a fé.
iconoclasta da ignomínia,
vejo que não há idílio que descreva
a ideologia de uma vida a sós.

mas permanece a idiotice de meditar
os velhos e tolos ditados:
- antes só que mal acompanhado?
os idos não permanecem.
vê a realidade de hoje:
- antes um tolo apaixonado
que um largado sozinho!

.

AUTO-RETRATO


.

nasci transitório
entre o caos e a vaidade dos meus sentimentos.
nasci como quem encontra na vida
uma saída prodigiosa
para as inquietações dos meus pensamentos,
porque, de tanto pensar
e me submeter aos difusos preceitos,
pude compreender que a minha servidão
está na eloqüência de minhas múltiplas faces.

como não posso ser um só em todos os corpos
descobri ser todos num só corpo.

(talvez, assim, eu tenha encontrado
a definitiva razão
para o meu intenso coexistir.)
.