segunda-feira, novembro 10, 2008

NOITE DE AUTÓGRAFOS


Noite de autógrafos com

ADRIANA CALCANHOTTO

Lançamento do livro 'SAGA LUSA'

14 novembro 2008 | 19h
Quixote Livraria e Café
Rua Fernandes Tourinho, 274 - Savassi / BH

terça-feira, novembro 04, 2008

domingo, novembro 02, 2008

segunda-feira, outubro 13, 2008

MIRÓ: REVISITADO



No último dia 11, o poeta Hugo Lima concluiu mais um dos seus projetos. Trata-se de uma tatuagem no alto do braço esquerdo. Porém, como muitos sabem, Hugo Lima não seria Hugo Lima se tatuasse nomes, tribais, dragões, flores ou qualquer um desses desenhos que metade da população mundial tatuada escolhe para marcar o corpo. E mais uma vez, ele surpreende traçando a reprodução do estudo de uma das obras mais importantes do pintor espanhol Joan Miró. Como esse “grand événement” não poderia jamais passar em brancas nuvens, resolvi fazer algumas perguntinhas ao poeta e registrar aqui mais um grande momento em sua trajetória. A entrevista aconteceu no Café do Palácio, algumas horas depois da sessão no estúdio. (Por Clarice Spain)

C.S: Hugo, por quê Miró?

H.L: A vida e a obra de Miró sempre influenciaram direta ou indiretamente a minha poesia. Desde as suas sinuosas linhas coloridas ao seu obstinado silêncio. Ao transcender a pintura, ele procura escapar à experiência puramente visual, conduzindo a sua arte por meio de uma atividade sistemática numa direção mais conceitual. De forma menos ou mais sutil, é o que venho buscando em tudo o que tenho feito enquanto arte, não só na poesia. O movimento e a cor que ele dá às suas telas é o mesmo que impulsiona e colore a minha poética. A delicadeza e a consistência dos seus traços são os mesmos que eu tento reproduzir na minha obra. Sem contar que Miró também fez muitas pinturas-poemas aliando a cor à palavra ou ao algarismo. Eu talvez faça o processo inverso, poemas-pinturas, associando elementos da pintura na reprodução das imagens que descrevo em meus versos. A linguagem pictórica de Miró evolui num sistema de sinais e de cores que traduzem cada elemento da natureza e impregnam a mais pequena coisa de uma ressonância mágica. Sinteticamente, é essa a minha relação com a vida e a obra dele.

C.S: E por quê as “Constelações”?

H.L: Bom, pouco depois do deflagrar do conflito mundial, Miró inicia uma série de pinturas chamadas “Constelações”, nas quais ele cria um cosmos pontuado de estrelas, luas, sóis e diversos signos. Essa série se tornou um marco na sua carreira e é a obra mais importante em toda a sua trajetória artística. De todas, é também a obra que mais aprecio pela singularidade, pela riqueza de detalhes, pela genialidade e pela delicadeza que permeia todas as telas da série. São estrelas, pontos, traços assimétricos, olhos e uma infinidade de signos que compõem a linguagem única e introspectiva do artista. Talvez, capaz até de traduzir o seu silêncio obstinado, porque eu acredito que de nenhuma outra forma Miró poderia ser mais sincero senão através de sua arte. Ele sempre foi uma pessoa reservada e muito criativa e prezava a singularidade que, aos poucos, foi se tornando sua própria identidade. Isso ganha infinitas proporções nessa série, “Constelações”, porque aquelas imagens jamais serão reconhecidas em nenhum outro artista. E, se terão a mesma idéia daqui pra frente, eu não sei. O que eu sei é que fui o primeiro a reproduzir toda essa “singularidade” dos céus de Miró no corpo, a imagem que escolhi nunca havia sido tatuada antes e isso enriquece, de certa forma, a importância da minha homenagem a um dos meus artistas favoritos. (Neste momento, Hugo dá algumas risadas, pede uma água e conta rapidamente que logo após ter terminado a tatuagem, rasgou a fotocópia do tatuador e o proibiu de refazer a tatuagem em outras pessoas).

C.S: Foi dolorido?

H.L: Eu diria que valeu a pena.

C.S: E você pretende fazer outras tatuagens?

H.L: Não sei, Clarice. Sempre quis ter apenas 3 tatuagens. Todas elas com a sua devida importância pra mim. Jamais tatuaria algo pelo simples valor estético. Nesses casos, prezo muito mais o contexto do que a imagem em si. Tatuagem é algo que se estampa pra sempre, por isso deve significar algo muito importante. Tribos indígenas, hindus, budistas, aborígines tatuam seus corpos para comunicar, dizer, simbolizar, expressar alguma coisa. Daí o surgimento da tatuagem estética que é essa que as pessoas fazem a torto e a direita pelo corpo a fora. A minha intenção também é a de comunicar, dizer, simbolizar, expressar algo. Representar, com um corpo marcado, fases importantes na minha vida. A primeira já está pronta e muito bem feita. Pode ser que outras venham em breve ou ao longo de muitos anos. Pode ser que eu não faça mais ou que eu tatue outras 4 ou 5... Não sei ainda.

C.S: Mas seriam outras reproduções de Miró?

H.L: Não sei. Pode até ser que sim, por que não? Mas não acredito que vá fazer mais alguma reprodução dele. Propus tatuar “Constelações” como uma missão e está já está cumprida. Não descarto possibilidades, mas acho pouco provável...

C.S: E onde foi que você fez a tattoo? Com qual tatuador?

H.L: Com o Leandro, da Santa Madre. Ele é namorado de uma grande amiga minha e é o dono do estúdio.

C.S: Ok! Muito obrigada pela gentileza em me conceder essa entrevista e eu espero que essa tatuagem marque então uma nova e excelente etapa na sua vida.

H.L: Sim, já está marcando. Eu é que agradeço!

terça-feira, outubro 07, 2008

INDIE 08


INDIE 2008 traz olhar contemporâneo através do cinema independente.

A mostra, nesta oitava edição, apresentará mais de 130 filmes nacionais e internacionais em Belo Horizonte, 70 inéditos no país.

O futuro pode estar começando agora. O cinema não é uma arte simples e pode, ao mesmo tempo, ser popular e hermético, entreter, incomodar, ser leve ou difícil. Este cinema múltiplo, tão amplo e rico de possibilidades, e direcionado para o futuro estará em exibição em Belo Horizonte entre os dias 09 e 16 de outubro. Há oito anos, o INDIE – MOSTRA DE CINEMA MUNDIAL encontrou seu espaço na cidade, desde 2001, foram 150.000 espectadores, 981 filmes exibidos, em 1.427 sessões gratuitas.

O INDIE 2008 exibirá 134 filmes, sendo 72 inéditos no Brasil, e será inteiramente dedicado ao cinema contemporâneo de 17 países. Serão 121 sessões, todas com entrada franca.

Nesta oitava edição, a programação do INDIE 2008 apresenta seções dedicadas as últimas novidades que vêm do cinema realizado no Japão, Alemanha e França. O Nippon Connection on Tour é um amplo espaço para assistir ao audiovisual japonês jovem e atual; para entender qual o movimento que acontece hoje no cinema alemão é preciso ver os filmes da Nova Escola de Berlim; e as esperanças francesas estão nos seus diretores dos primeiros filmes. Mas o INDIE é também a Mostra Mundial, com seus lançamentos, estréias e expoentes do cinema internacional de 12 países; o Indie Brasil com uma geração autoral de realizadores brasileiros; e o Música do Underground que traz os mais importantes documentários sobre música do ano.

O INDIE 2008 – MOSTRA DE CINEMA MUNDIAL tem patrocínio da Oi, apoio da Contax e Oi Futuro com os benefícios da Lei Estadual de Incentivo a Cultura de Minas Gerais e Lei Municipal de Incentivo a Cultura de Belo Horizonte. É uma realização da produtora Zeta Filmes.

Veja os destaques de cada um dos 7 programas:

[MOSTRA MUNDIAL] Está subdividida em duas seções - Novos Diretores/ Novos Filmes e Première - traz ao todo 29 filmes, de 12 países.
> A Novos Diretores/ Novos Filmes representa o conceito curatorial principal do INDIE ao selecionar 15 filmes inéditos no país, de uma nova geração de cineastas. Apresentar estes novos diretores, da cena ficcional e documental, e tornar possível que estes filmes sejam conhecidos no país é um dos objetivos do INDIE. Vale destacar: Anywhere USA, de Chusy Haney-Jardine, Prêmio Especial do Júri no Sundance (2008); o inglês Como Ser, de Oliver Irving, Menção Honrosa do Júri no Slamdance Film Festival (2008); Loren Cass, de Chris Fuller que vem de uma carreira de dezenas de festivais internacionais; ou o oportunista dos documentários políticos como A Ameaça - que acompanha o polêmico Hugo Chávez e o povo venezuelano.
> Já na seção Première, estão 14 filmes em pré-estréia. O INDIE adianta o lançamento dos filmes que chegarão ao circuito comercial: importantes nomes do cinema europeu como A Fronteira da Alvorada, de Philippe Garrel; e O Silêncio de Lorna, dos irmãos Dardenne; as produções asiáticas como o filme chinês Destino Traçado, de Conrad Clark, e o indonésio A Fotografia; além do cinema americano independente como Hannah Takes The Stairs, de Joe Swanberg.

[INDIE BRASIL] Quatro documentários e dois filmes de ficção estão no programa dedicado à produção nacional recente. O diretor Eryk Rocha apresenta Pachamama, um registro da sua viagem pela América Latina; o videoartista Carlos Nader exibe seu filme-homenagem ao cativante Waly Salomão em Pan-Cinema Permanente; a estréia do mineiro Gibi Cardoso na direção em Tomba Homem; e a pré-estréia do documentário da paulista Carla Gallo, O Aborto dos Outros. Para completar, duas ficções bem diferentes: o paulista Marcelo Galvão apresenta o já polêmico Rinha; e o cinema do cearense Petrus Cariry em O Grão.
Como complemento às exibições do Indie Brasil, os diretores brasileiros estarão nos dias 10 e 11 discutindo o processo de criação na série Diálogos Independentes que terá mediação do jornalista Cássio Starling. (veja programação abaixo).

[NIPPON CONNECTION ON TOUR] O audiovisual japonês jovem e contemporâneo é a característica da programação apresentada no Nippon Connection Film Festival. Realizado há oito anos na Alemanha, em Frankfurt, o festival é responsável por promover um intercâmbio com o novo cinema japonês e apresentá-lo também em outros países. É a primeira vez que é exibido no Brasil. A curadoria apresentada no Indie 2008 é focada em obras digitais e que apresentam idéias autorais em animação, video-arte, documentários, longas de ficção e curtas. São 49 obras, sendo 4 longas e 45 curtas divididos em 6 programas. Programa realizado com o apoio da Fundação Japão.

[MÚSICA DO UNDERGROUND] Dedicado aos documentários sobre música, o foco este ano são os artistas. Dos músicos solitários do filme inglês Uma Banda de um Homem Só, às figuras emblemáticas de Arthur Russell e Gary Wilson, passando pelos artistas sobreviventes da região do Tsunami, na Ásia, do filme Laya Project. Um dos mais badalados documentários deste ano, Combinação Selvagem: Um Retrato de Arthur Russell traz toda a importância da obra desse músico reconhecido na cena erudita, experimental e disco. Já o filme, Você Acha Que Me Conhece Realmente, de Michael Wolk, tenta entender como um artista como Gary Wilson faz um disco memorável e desaparece. O programa traz também o documentário sobre a banda Joy Division, e os jovens de Reno, EUA, que puderam filmar e acompanhar os bastidores do show da banda Sonic Youth.

[PREMIERS FILMS] Numa edição na qual o INDIE está focado no cinema contemporâneo e na nova geração de diretores não poderia faltar um programa dedicado aos primeiros filmes. São cinco cineastas estreantes vindos do sólido cinema francês. Destaque para os filmes que estarão estreando no país: Tudo Perdoado, da ex-crítica da Cahiers du Cinéma, Mia Hansen-Love, que foi exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes (2008); e 7 anos, de Jean-Pascal Hattu que participou de diversos festivais tais como Veneza, Roterdã, Toronto e San Francisco.

[NOVA ESCOLA DE BERLIM] Um novo movimento surge em 2001 no cinema alemão. Alguns começam a chamá-lo de “Nova Escola de Berlim”, mas críticos alemães arriscam e o catalogam como “Nouvelle Vague Alemã”. Três novos diretores fazem parte do início desta “nova onda”: Angela Schanelec, Thomas Arslan e Christian Petzold. Todos estudaram na dffb (Deutsche Film und Fernsehakademie Berlin) com artistas importantes como Harun Farocki. A filosofia da Escola se consagra no espírito indie: muita energia e baixo orçamento. Serão exibidos 5 filmes importantes dessa nova onda como Entardecer, de Angela Schanelec; Fantasmas, de Christian Petzold; e Bangalô, de Ulrich Köhler.

[CINEMA DE GARAGEM] O INDIE abre espaço ao vídeo autoral brasileiro. São 34 curtas – divididos pelos temas Sonhos, Gravidade, Caracteres, Inclassificáveis - realizados de forma independente, num programa que teve curadoria do artista Dellani Lima. O vídeo brasileiro, lírico, poético, punk e documental.

O INDIE 2008 acontecerá no Cine Humberto Mauro e nas 4 salas do Usina Unibanco de Cinema. Os ingressos estarão disponíveis nas bilheterias dos cinemas, 30 minutos antes de cada sessão (não há entrega antecipada).

A programação completa pode ser conferida no site www.indiefestival.com.br e no blog oficial do evento em http://blogindie.blogspot.com/.

SERVIÇO
INDIE 2008 – MOSTRA DE CINEMA MUNDIAL
09-16 de outubro, bhz.

||| LOCAIS:
Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes – Av. Afonso Pena 1537 – Centro - BH
Usina Unibanco de Cinema – Rua Aimorés 2424 – Santo Agostinho - BH

|| INGRESSOS: ENTRADA FRANCA
Ingressos disponíveis nas bilheterias dos cinemas, 30 minutos antes de cada sessão.

|| ABERTURA
DIA 09.10 | 20 h | Cineclube Unibanco Savassi - somente para convidados – exibição do filme francês A Fronteira da Alvorada, de Philippe Garrel.
O filme será exibido novamente, numa sessão aberta ao público, no dia 10.10 – 21:30h - Usina 1.

||| DIÁLOGOS INDEPENDENTES: relatos sobre a criação, o filme e seus processos subjetivos.
Eles: Sobre a criação, o filme, o fazer, a experiência de filmar.
Ele: Sobre o olhar do outro, a expectativa, a idéia.

Primeiro Dia – 10.10 (sexta) – Usina 3 - 21:00h.
Marcelo Galvão (Rinha) e Carla Gallo (O Aborto dos Outros)
Mediação: Cássio Starling

Segundo dia – 11.10 (sábado) – Usina3 - 21:00h.
Carlos Nader (Pan-Cinema Permanente) + Eryk Rocha (Pachamama) + Gibi Cardoso (Tomba Homem)
Mediação: Cássio Starling

||| MAIORES INFORMAÇÕES:
Para o público: 31 8544.9902
Para a imprensa: 31 32968042 \ 99689414
Site: www.indiefestival.com.br
Blog oficial: http://blogindie.blogspot.com/

sábado, outubro 04, 2008

O REMÉDIO, O VENENO E SEU ANTÍDOTO




Vem aí o livro Saga Lusa – o relato de uma viagem de Adriana Calcanhotto...

Voltei do segundo show pálida, trêmula, mas mantendo a pose no meu deslumbrante robe azul. Subi no elevador com uns africanos que se entreolhavam, tentando localizar de que tribo são as senhoras que andam de robe de veludo e havaianas, com uma braçada de flores na mão e olheiras que as fazem parecer um urso panda disfarçado de cantora – vestida e com a maquiagem borrada pela ex-mulher do Gerald Thomas. Eu tremia de frio, mas sorri, claro, pros africanos. Tomei um banho quentíssimo, durante longos minutos porque, pra mim, esta é a melhor hora dos shows e porque precisava me aquecer e não conseguia. Um urso panda certamente não se enganaria, mas eu, até então, não tinha me dado conta de que estava ardendo em febre e que um banho pelando não ajudaria muito, sabe que o QI das cantoras...

Eu mesmo já me encontrei em situações bem parecidas às que a Adriana relata no livro. No meu caso, a própria escrita era a febre. Já passei dias e noites de cama por simplesmente querer escrever o poema que não escrevi. Isso é o que chamam popularmente de "querer tirar leite de pedra". Existe um momento em que, mesmo dominando muito bem as palavras e tendo o dom de reinventá-las de forma poética, nos sentimos impotentes, débeis diante daquilo que, se por muitas vezes pareceu ser o alívio, o remédio, num determinado momento se transforma no mais perigoso veneno.

Pode-se dizer que em alguns momentos da vida nos encontramos numa espécie de “farmácia”, na qual se torna difícil, e às vezes impossível, separar o remédio do veneno. O verdadeiro e o falso. O crédito da palavra e a palavra desacreditada. Saga Lusa parece ser para Adriana, sua autora, e o seu possível leitor, uma inequívoca alternativa para a solução desse problema. O remédio, o veneno e seu antídoto.

DEVENIR-DEVIR

(POEMA ABJETO)

para vera casa nova


do mais novo visível:
poema-ruptura
objeto

curto-circuito
em longas reinvenções
de tempo e espaço
na representação
do livro.

/.
pensar o abjeto
tocar o objeto
enlouquecer o subjétil.

Nas entrelinhas da leitura
uma carta luminosa
d e s c r e v e
tamanho afeto
c
o
n
s
t
r
u
i
d
o
no plural:

Multiplas vozes
Multiplos corpos
o livro é uma eterna continu-ação
do por vir.


a letra é a fronteira
entre o pulso
e o tom.
- livro-pensante -
mallarmaico dedilhar
das páginas
(em branco)

imag(em)ação
passagem:
paisagem

o livro por vir
se conclui
no encontro do

O U T R O.


[LIMA, Hugo]

quarta-feira, setembro 17, 2008

Em meio aos palacetes gigantes
Escutando os gritos dos paletós
e a algazarra da multidao
a exaustidão toma conta do corpo,
alias, não há mais corpo
só uma voz fanha que não se ouve

terça-feira, junho 10, 2008

P A I D E U M A

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Os poetas
Carolina Lara, Hugo Lima, Michel Mingote & Raíssa Machado
convidam para o lançamento de

P A I D E U M A

com Makely Ka, Marcelo Dolabela, Carlos Barroso, Francesco Napoli, Eder Rodrigues, Zéfere e Vera Casa Nova.

Ilustrações e arte de João Maciel, Luana Aires e Rafael Perpétuo.

+ Lançamento dos livros:

Carimbós/Carimbos-quase-complexos - 1977-2007 (Marcelo Dolabela)
Carimbalas (Carlos Barroso)

+ Performance surpresa e Ações.

Sábado ● 14 junho 2008 | A partir das 12h.
Livraria e Editoria Scriptum
Rua Fernandes Tourinho, 99 - Savassi, BH
+ Info: 31 3223 1789

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O “Paideuma” é um fanzine-dobradura que busca uma dicção experimental para as múltiplas possibilidades do epigrama. Neste número de estréia, traz poemas de: Carlos Barroso, Carol Lara, Eder Rodrigues, Francesco Napoli, Hugo Lima, Makely Ka, Marcelo Dolabela, Michel Mingote, Raíssa Machado, Vera Casa Nova, e Zéfere; e imagens dos artistas plásticos: João Maciel, Luana Aires e Rafael Perpétuo.

Os livros trazem uma característica especial: são impressos com carimbos. O “Carimbalas” é artesanal, todos os poemas e texto de apresentação foram carimbados manualmente. O “Carimbós” teve sua arte realizada a partir de carimbos, porém foi impresso xerograficamente, esta opção se deu pela diversidade de formatos de poemas – do haicai ao poema visual – que inviabilizaria sua produção manual.

Ambos põem em circulação uma das técnicas – Rubber Art – mais utilizadas pelas vanguardas poéticas e visuais – Dada, Modernismo, Poesia Concreta, Poema Processo, Poesia Marginal e Arte Postal. O carimbo, de símbolo da burocracia, se transforma em linguagem e suporte artísticos. Da forma mais primitiva de se reproduzir um texto se amplia em uma inventiva técnica de se compor o texto poético.

A partir das 13h, haverá um recital-ação-performance com os poetas participantes do fanzine.

Os livros serão vendidos a 10$
& o fanzine será distribuído gratuitamente.

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segunda-feira, maio 05, 2008

DEPRESSÃO PÓS-PARTO

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O meu amor partiu
em cesariana
e o que restou
foi a dor
de uma saudade
prematura

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sexta-feira, maio 02, 2008

O O(LH)O

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o olho observa
o centro do
corpo:

o olho não vê,
mas observa
o olho não enxerga,
mas admira.

o olho se abre
e se fecha.
o olho descansa,
dilata a
pupila.

o olho não lê,
mas interpreta
o olho não cega,
mas revista.

o olho observa
o centro de
si mesmo

olho que se vê
[até onde vai a vista]
..........................

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terça-feira, abril 15, 2008

RESPOSTA

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De: Paula Santoro
Para: Hugo Lima
Assunto: Obrigada



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quinta-feira, abril 10, 2008

PRIMEIRO-ENCONTRO (I)

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Para M.F.O,
em 9 de abril de 2008.


“Sem calma, sem ar, sem chão”
te encontrar
foi o big bang!

parte de mim era o caos
outra parte
dispersão!

um silêncio, muitos risos
um história de cinco anos
um café, um cigarro
Bonno, livros, Miró...
dispersão!

sem lugar, sem espírito
sem reação alguma
que me fizesse
despertar do sonho.

face-a-face
corpo-a-corpo
dois abraços
meus deslizes...

era Caio Fernando Abreu
era Eu, era Você
éramos “Aqueles Dois”
num deserto de almas
todas desertas
dois seres especiais
de imediato, se
(re)conhecendo.

sim, o encontro
o primeiro, o imaginado
o tão esperado!
(borboletas na barriga,
frio no estômago)
não o primeiro,
sequer, o último.

e eu, mesmo tenso,
mesmo dissipado,
garanto:
(re)encontrei nos seus olhos
a metade-perdida
de mim.

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POEMA-CANÇÃO

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Para Paula Santoro,
escrito durante o seu show realizado no Museu de Artes e Ofícios
na última terça, dia 8 de abril.



Sua voz

É a paz que ecoa

Harmoniosamente

Pelos pés direito

E esquerdo

Da Estação Central.


É sustenido de corpo

Leveza de tom

Canto que paira etéreo

Na galeria de som

Reinventando o Ofício

Da Música que toca.


Sua voz

Por si só, é a dança

Fluindo serena

Pelo tempo-espaço

Do salão principal


Desenhando no ar

Todas as notas

Que elevam a alma

Ao ápice do espírito.


É o infinito!

É a imensidão!

Sua voz é isso que pousa

Entre o jazz e o samba

Do meu poema-canção.


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segunda-feira, março 31, 2008

MUDEI DE NÃO MUDAR

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sim, eu cortei os cabelos
sim, eu cortei os próprios cabelos
sim, eu mesmo cortei os meus próprios cabelos
sim, eu mudei
sim, eu mesmo mudei
de mim.

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sexta-feira, março 28, 2008

HILDA :: DE UMAS SAUDADES!

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Ah, se eu soubesse quem sou.
Se outro fosse o meu rosto.
Se minha vida-magia
Fosse a vida que seria
Vida melhor noutro rosto.

Ah, como eu queria cantar
De novo, como se nunca tivesse
De parar. Como se o sopro
Só soubesse de si mesmo
Através da tua boca

Como se a vida só entendesse
O viver
Morando no teu corpo, e a morte
Só em mim se fizesse morrer.

[HILST, Hilda]

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domingo, março 23, 2008

INSTRUÇÕES PARA PINTURAS (FRAGMENTOS)

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pintura para ver os céus


fure dois buracos em uma tela.
pendure-a onde você possa ver o céu.

(troque-a de lugar.
experimente tanto a janela da frente como a de trás,
para ver se os céus são diferentes.).

pintura para o vento

corte um buraco em uma sacola cheia de sementes de qualquer tipo
e coloque a sacola onde haja vento.

pintura para enterro

em uma noite de lua cheia, coloque uma tela em um jardim
de 1h00 da tarde até a madrugada.
quando a tela estiver totalmente tingida de rosa
pela luz da manhã, desmonte-a ou dobre-a e enterre.

as formas do enterro:
1) enterre-a em um jardim e coloque um placa com um número nela.
2) venda-a ao mendigo.
3)jogue-a no lixo.

pintura de fumaça

incendeie uma tela ou qualquer pintura pronta com um cigarro
a qualquer hora por qualquer periodo de tempo.

assista o movimento da fumaça.
a pintura estará terminada quando toda a tela se consumir.

pintura para bater um prego

bata um prego em um espelho, uma tela, uma peça de vidro
ou metal a toda manhã.
pegue também um cabelo que tenha caido quando você se penteou de manhã
e amarre-o no prego.
a pintura estará terminada quando a superfície da tela
estiver coberta de pregos.

pintura do pingo d'água

deixe água gotejando.
coloque uma pedra debaixo.
a pintura estará terminada quando as gotas fizerem um furo na pedra.
você pode mudar a frequência das gotas d'água a seu gosto.
você pode usar cerveja, vinho, tinta, sangue, etc. ao invés de água.
você pode usar uma máquina de escrever, sapatos, um vestido, etc.
ao invés da pedra.

pintura a+b

corte um círculo em uma tela A.
coloque uma figura numérica, uma letra romana,
ou uma katakana na tela B em um ponto aleatório.
coloque a tela A sobre a tela B e pendure-as juntas.
a figura na tela B pode aparecer, pode aparecer parcialmente,
ou pode não aparecer.
você pode usar pinturas velhas, fotos, etc. ao invés de telas.

pintura para ser construída na sua cabeça (1)

tente transformar uma tela quadrada na sua cabeça
até que ela se torne um círculo.
escolha qualquer formato no processo
e pendure ou coloque na tela um objeto:
um cheiro, um som, ou uma cor que venha à cabeça
em associação com o formato.

pintura para ser construída na sua cabeça (2)

bata um prego no centro de uma peça de vidro.
imagine enviando os fragmentos à endereços escolhidos
aleatoriamente.
memorize os endereços e os formatos dos fragmentos
que você enviou.

retrato de maria

envie uma tela à Maria de algum país
e peça à ela que envie a tela à próxima Maria
de algum país para que ela faça o mesmo.
quando a tela estiver cheia de fotos de Marias,
ela deve ser enviada de volta ao remetente original.
o nome pode não ser Maria.
pode ser um nome fictício e, nesse caso,
a tela será enviada a diferentes países até que uma pessoa
com aquele nome seja encontrada.
o objeto a ser colado na tela não precisa ser uma foto.
pode ser uma figura numérica, um inseto, ou uma impressão digital.

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quinta-feira, março 20, 2008

(MUTE)LINGÜISMO

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ich spreche kein Deutsch
je kan ikke tale dansk
no hablo español
en puhu suomea
je ne parle pas français
ik spreek geen Nederlands
nen besélek magydrul
i can't speak english
non parlo italiano
jeg sneakker ikke norsk
nie mówie po polsku
jag talar inte suenska
nem lurin ce sky

alguém aqui fala português?

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terça-feira, março 18, 2008

MIRÓ REVISITADO #1

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versão : repeat / p&b : 2x2 | 6x6

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PRONOMINAIS

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Convergência de pronomes pessoais

em uma única palavra:

euvocê
vocêeu

Mistura, hibridização, contaminação recíproca
de um pelo outro: de eu por você, de você por eu
numa coisa só. Êxtase do objeto.
Síntese ideal do desejo.

Instrumento de negociação para ações
de uma alteridade incorporada, em fuga.

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LOCOMOTIVE


[LIMA, Hugo]

sexta-feira, março 14, 2008

DA MINHA COR, DO MEU GESTO

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d a m i n h a i m e n s i d ã o


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quarta-feira, janeiro 09, 2008

POR ONDE ANDARÁ DORA GRAY? - Part 1

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Pelos poemas que li
Pelos livros que queimei
Pelos signos tatuados pelo corpo

Pelos filmes que não vi
Pelos discos que arranhei
Pelas minhas mãos, pelos meus pés, pelo meu rosto

Pelos reflexos no espelho
Pelas saídas de ar
Pelos buracos nas paredes do quarto

Pelas cartas que escrevi
Pelos objetos que encontrei
Pelas verdades que decidi não contar

Pelas janelas que abri
Pelas plantas que reguei
Pelas Orquídeas, Hortências, Sempre-Vivas

Pelas casas que demoli
Pelos pulsos que cortei
Pelos bilhetes que agora estão rasgados

Pelas promessas que não fiz
Pelas vezes que voltei
Pelas madrugadas que saí sem avisar

Pela família que eu não quis
Pelos amigos que matei
Pelos segredos que achei melhor não confessar

Pelas coisas que ouvi
Pelas marcas que deixei
Por tudo o que eu sei e está guardado

Pelas saudades que senti
Pelos gritos que abafei
Pelo tormento que sempre me leva a perguntar

[d-e-s-e-s-p-e-r-a-d-a-m-e-n-t-e]:
- Por onde andará Dora Gray?

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POR FRED FURTADO

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É sana a casa de poeta que abre livro e chama pena de poetas para bailar lancinante dentro das almas que visitam a casa. Entre aspas eu entrei assinando minhas letras pelas palavras escolhidas, colhidas a dedos, regadas a punho, carimbadas a dígito. Um brinde de cafés. Degustação de cappuccinos. Apreciação de conhaques. Fumaça de cachimbos. Tudo faz bem a essa alma agradecida, embevecida de ternura por poder aqui se deitar literalmente, escorrer-se em cachoeira apalavrada. Aqui eu rascunho um deleite único: poetizar o cotidiano.
Texto de Frederico Furtado postado na extinta Casa [In]Sana.

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quinta-feira, janeiro 03, 2008

'CAUSE I'M ON VACATION!

"porque eu estou de férias!"



AUTO-PSIA!

sofro de cAtaRse crônica!

[SEGREDO]

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"Para quê(m)
era o poema?"
era o ponto.

Fenda
de laços azuis.

entre o céu
e o mar
era o vasto.

brando espaço
entre nós.

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SONHO DE ARTISTA...

Quando crescer quero ser Jonas Rocha!...

domingo, dezembro 30, 2007

2oo8!


OBRIGADO!

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"Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!"
(Carlos Drummond de Andrade)

Agradeço à todos aqueles que contribuiram o bastante para que eu pudesse perceber, mais uma vez, os valores essenciais da vida.
Obrigado pelas mãos estendidas, pelos aplausos e pelos sorrisos doados.
Espero, no próximo ano, retribui-los com o mesmo carinho, a mesma leveza e as mesmas alegrias de sempre.

Sorte, saúde, paz, amor, música e poesia para 2oo8!

Tim Tim,
Hugo Lima.


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STARRING.

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Ele é indie, mas reconhece e assume as influências do punk, do folk, do rock, do britpop, do Lo-Fi, do hippie, do samba, do jazz, da bossa nova e até mesmo de movimentos como o tropicalismo, o cubofuturismo, o dadaísmo, o surrealismo, o minimalismo, o concretismo, a digipopart e a artbitch. Eu definiria como um kitschnightboy psicodélico um tanto quanto diabolique! Há quem diga que ele chega a ser inovador sem deixar de ser clássico, outros apostam numa pseudoloucura crônica. Entretanto, trata-se de um simples poeta pós-moderno que transita entre a alta costura underground e poesia contemporânea. É fascinado por cores, fala inglês e espanhol, adora pão-de-queijo, curte Björk, Cibelle, João Gilberto, Laika, Massive Attack e o mais vasto universo da boa música. É comum encontrá-lo pelos cafés de Belo Horizonte, movimentada cidade do oeste europeu de Minas Gerais onde vive numa enorme casa pintada de amarelo. É zen-hindu, medita, gosta de incenso e prefere alimentos secos, integrais e desidratados. Não dispensa boas taças de champagne, mas está muito bem servido com chás de morango ou sucos naturais. Sobre moda, arte que pesquisa intensamente desde os 13 anos, diz que sua inspiração vem do pside, do cyber, do punk, do folk, do clown e do conceito de estilistas como Reinaldo Lourenço, Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura, Viktor & Rolf, McQueen, Donna Karan, Victor Charlier, João Pimenta, Paulo Carvas, entre outros. Seu visual é essencialmente psidepunk, um pouco esquisito, mas altamente sofisticado, com muito movimento, descontração, buttons e acessórios coloridos. “Sei que sou extravagante e não me importo em parecer blasé. Moda é se sentir bem, não viver de grife!” – esclarece. É ascético, divertidíssimo, tem bom senso, não abre mão de boa educação e está entre os mais elegantes que eu conheço, sempre esbanjando sensualidade e simpatia. Causar emoção, reorganizar as coisas, traduzir o intraduzível, fotografar o instante, registrar o inexistente, dar cores à rotina acizentada do cotidiano são algumas das tarefas diárias deste poeta que, apesar de possuir uma escrita muito delicada e pontuada pelo abstracionismo filosófico, garante que sua poesia não quer responder, mas sim, indagar ainda mais o caminhante apressado que se perde pela multidão da cidade grande. Seus versos acontecem o tempo todo, do lado de dentro ou de fora da gente. Estudante de Letras, pretende se especializar em poéticas contemporâneas. É viciado em livros, desenha, rabisca, fotografa, inventa, decora, colore, recorta, recicla, canta e faz música moderna brasileira. É dono de uma das vozes mais etéreas que já ouvi, já cantou acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Palácio das Artes e, em 2003, colaborou na organização de duas exposições minhas em parceria com o crítico de arte e também poeta, Erthal Terra. Atualmente, publica seus trabalhos na Casa Sana e escreve para os sites da poeta, atriz e estilista, Larissa Mighin, e do publicitário Igor Amin. Para 2oo8, pretende dar continuidade aos estudos, ampliar a Casa Sana e criar projetos artísticos.

Por Gustavo Malheiros. 1º novembro de 2oo07. Londres, Inglaterra.

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segunda-feira, dezembro 24, 2007

DE NATAL

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Merry
Merry
Merry
Christmas
From
Myself
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terça-feira, dezembro 18, 2007

GESTALT

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Aos poucos vou-me
fazendo parte de um todo.
Vou-me partindo
quebradiço que sou
para que, pelas metades,
possa me constituir por inteiro.

Aos poucos vou-me
repartindo
distribuindo-me aos pedaços
desmembrando parte por parte
para que, em fragmentos,
possa insinuar completude.

Aos poucos vou-me
desfazendo
cortando meus dobrados
destroçando minha carne
para que, em partes,
eu disfarce
e minha nudez
e a minha loucura.

Aos poucos vou-me
pouco a pouco,
parte a parte,
ponto a ponto...

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O INCESTO AUTOFÁGICO - Part. 1

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se esgota numa gota
sobre mim
vaidades
que de me olhar
me abstenho
como que se desejasse
a mim mesmo
uma parte do meu corpo

e se pouco declamo
era o dito
uma palavra que se entranha na boca.
bom senso
sem teor algum
e penso:

talvez fosse melhor não pensar
no desejo
é tudo aquilo que arde na boca
a minha vontade (de não provocar)
o incesto.

primeiro, corto a lingua e observo:
sou o mínimo das virtudes do desejo
ALMA - ou outra forma de corpo.

para deglutir os restos
basta um pouco da dura promessa
de um vício tempestuoso.

- AAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!

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quarta-feira, dezembro 12, 2007

RESOLUÇÃO¹

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o afeto é a arte de se envolver
com a alma.
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OFÍCIO

escrevo escrevo escrevo escrevo escrevo escrevo
escrevo escrevo escrevo escrevo escrevo escrevo
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ADDRESS


segunda-feira, outubro 22, 2007

TRECHO

escrevo desde pequeno. escrevo compulsivamente. preferencialmente à noite, com a ajuda de um colírio "Lirim" para enxergar melhor. escrevo para sobreviver. escrevo para mim mesmo, ao léu, sobre lembranças do dia, sobre pessoas que não sei mais o nome. meu livro de cabeceira é a biografia de Paracélcius - médico suíço, alquimista que não buscava ouro, mas remédios e que morreu ao ingerir o elixir da longa juventude, tão almejado, finalmente descoberto.

COISAS ERRADAS QUE PAULO ESCREVEU

CORÍNTIOS 11:14 - A natureza vos ensina que é desonra para um homem ter cabelo comprido.

EU RESPONDO: Jesus Cristo é cabeludo!

CORÍNTIOS 14:34 - Que as mulheres fiquem caladas nas assembléias, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz a lei. Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos, em casa.

EU RESPONDO: Não é proibido falar!

CORÍNTIOS 11:09 - O homem não foi criado para a mulher, mas a mulher foi criada para o homem.

EU RESPONDO: A pessoa tem que ser livre!

CORÍNTIOS 11:03 - Quero que saibas que Cristo é a cabeça de todo homem e o homem é a cabeça da mulher e Deus é a cabeça de Cristo.

EU RESPONDO: Deus é a cabeça da mulher também!

segunda-feira, outubro 15, 2007

dO PoEtA


4x4

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vivo leve e amo solto
sou de tão cruas delicadezas
de tão simples palavras
gosto de inverno e de livros
de janelas abertas, bem abertas
sou daqueles que experimentam a vida
que tocam a arte com a alma da mão
sei que às vezes sou triste
(e gosto de ser melancólico)
de admirar dias nublados, espaços vazios e ruídos da chuva,
mas também gosto de azul
de orquídeas e de sol.
adoro fotografias e cheiro de mar
e um pouco de mim
é também um pouco do céu
e do silêncio noturno.
gosto daquilo que de tão simples
é de se amar: como a casa em que me visto
e a poesia que me escrevo.
gosto do mês de abril quando,
mesmo despedaçado,
traz a saudade de um velho amor.
falo pouco, mas revelo muito através dos olhos
que, apesar de castanhos, têm espessa claridade.
gosto de gente que se desprende,
de atores e atrizes,
bailarinos e poetas
e pintores e palhaços e arquitetos...
(e de gente sem limites pra encantar).
invento moda com meus badulaques e balangandãs.
gosto de cores, arco-íris e fovismo,
de objetos em acrílico, fibra, plástico, vidro e borracha.
gosto dos recicláveis!
não tenho tempo para os que pensam
que a vida passa sem que precisemos nos renovar.
não tenho tempo para os que pensam
que a vida passa sem que precisemos sair do lugar
porque eu gosto é do movimento,
(e dos ousados!)
dos corpos em transe,
da dança e do trânsito,
das voltas do mundo.
eu gosto é da música tocando no fundo,
trilhando a vida,
embalando os sonhos, cruzando caminhos.
eu gosto do encontro de dois,
do instante à sós, do desejo,
da língua entre os dedos, do vermelho,
do barulhinho bom que a gente faz no ato do amor,
da entrega de corpo e alma,
do suor do outro, do perfume, do incenso,
da meia-luz,
do sorriso após o gozo, do abraço
e do banho.
gosto do carinho natural que parte de mim para o outro
e vem do outro como doação.
(eu gosto é dos intensos!)
eu não lamento passados nem dou asas ao futuro
planos eu faço com barquinhos de papel
eu materializo o carpe diem
porque o agora é o agora e sempre.
eu não sou pessimista nem sonho demais
eu só acho que a vida simples faz muito mais sentido
sem brigas e pré-conceitos e tantos vícios mesquinhos
e acredito que ser elegante é ser natural
(não ser comercial, mas bem-estar-bem!)
porque o silêncio dói muito mais do que um tapa
e a indiferença já salvou muitas vidas.
eu gosto é de cuidar dos amigos
e conhecer gente nova e diferente
que é pra provar que há sempre um "por vir"
e um conceito novo a se ter,
romper barreiras e trocar idéias sobre o bom e o mau gosto.
eu gosto de filmes pacatos
(franceses, de preferência!)
de vidinhas bucólicas em ambientes urbanos.
gosto de curvas e antenas e paralelepípedos
elevadores e avenidas e prédios e praças
e bares e pubs e cafés e lounges e montanhas
e do belo horizonte das minhas Minas Gerais.
gosto de plantas, de árvores, de sombra, de mar, de pássaros
e dos meus pés.
eu gosto da cama e do meu quarto e dos meus discos
e cds e do computador e das paredes e da minha máquina de escrever
e das cartas que recebo e respondo com prazer
e do cigarro queimando enquanto penso nas palavras
e da inspiração que me perturba de vez em quando
e dos desejos que me tiram o sono...
gosto da manhã
(do amanhecer, exatamente)
e da tarde
e à noite eu me liberto.
eu sempre acho que um grande amor ainda vai me arrebatar
e que vamos ao cinema juntos, num domingo, e tomar sorvete
e brincar com a pipoca e dizer que foi tudo lindo antes mesmo de acabar
mas sem esse negócio de contos de fada e vida de filme.
eu me apaixono fácil e sou essencialmente romântico,
mas eu preservo a individualidade,
gosto do que é particular,
gosto de vidas entrelaçadas pelo amor
mas independentes pela razão.
eu não tomo conta, eu cuido
e não gosto dos ciumentos, mas sim, dos que me prezam.
ciúme é acúmulo de dúvida e incerteza de si mesmo.
ciúme é o mal do amor.
por isso, vivo leve e amo solto,
deixo ser e estar, deixo o tempo passar a seu tempo
sem pressa, sem medo, sem dúvidas.
tem dias que acordo com o mundo virado,
com ódio dos humanos e com pavor de mim,
tem dias que me levanto querendo ser um caramujo
e gosto que me deixem assim, recolhido,
porque é nesses dias que eu realmente me olho no espelho.
mas eu sou bem leve e azul
e gosto de sorrisos.
também sou tímido e reservado,
mas sei tocar trombeta e botar a boca no trombone
e gosto de samba,
de mãos e de pés e de olhos e de nucas
e de nervos expostos
e de estórias escritas com fatos
e termino com os versos de um poema catalão que diz:
"oh, sobretudo amo a sagradavida e o murmúrio do vento
nos galhos que se alçam em direção à luz!"


*Proclamado por Hugo Lima no Café do Palácio no dia 13 de outubro, gravado em mp3 por Nina Ruiz Wëg e taquigrafado por Nelson Nobu.

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TODA A LEVEZA DO CÉU


segunda-feira, outubro 01, 2007

AgENdA


02/10
18h30 Jardins internos do Palácio das Artes
Projeto Terças Poéticas [Entrada franca]
Poetas Evaldo Leoni, Ivana Andrés e Luciano Luppi
& Homenagem Fernando Pessoa
05/10
23h Confessionário Lounge Café
Av. Bernardo Monteiro, 1.453 - Funcinários [$10]
"Além do que se vê - Viva o Surreal!"
06/10
16h Palácio das Artes
Galeria Alberto da Veiga Guignard [Entrada franca]
Exposição "Poesia Concreta - O Projeto Verbivocovisual"
17h
Cine Humberto Mauro [$5 - $2,50(meia)]
Mostra de Cinema Indie Mundial
09/10
17h Palácio das Artes
Espaço Mari'Stella Tristão [Entrada franca]
Exposição "Ô de dentro, ô de fora" - Diversas Linguagens
19h
Espaço Mari'Stella Tristão [Entrada Franca]
Bate-papo e lançamento do catálogo
com a presença do escritor Ronaldo Guimarães
20/10
16h Cine Humberto Mauro [$5 - $2,50 (meia)]
Mostra Inéditos em BH (Filmes em 35MM)
20h
Mostra de Cinema Espanhol Atual 2007
22/10
19h Palácio das Artes
Cine Humberto Mauro [Entrada franca]
Cineclube CurtaCircuito
24/10
19h Palácio das Artes
Cine Humberto Mauro [Entrada franca]
Mostravídeo Itaú Cultural
27/10
20h Palácio das Artes
Cine Humberto Mauro [Entrada franca]
Imagem e Pensamento
28/10
18h Não divulgado
PONTO DE ENCONTRO
Café do Palácio (de 30 a 40 minutos antes de cada evento).
*Todos os eventos ocorridos no Palácio das Artes seguem as datas, os horários e os preços publicados na programação da Fundação Clóvis Salgado e podem sofrer alterações
*** E eu não me responsonsabilizo pelas mesmas.***

sábado, setembro 29, 2007

dO Poeta


.de escrever.
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AUSÊNCIA DE MIM

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desejo estar distante
mais longe dos meus pensamentos
exilado de tudo o que me condiciona
não quero mais me corresponder com as palavras
não quero mais a mesma fuga, não quero mais a mesma dor
mas quero outra vez a mesma saída
o mesmo exílio da alma
o mesmo descanso de sempre
serão inúteis todas as outras palavras
serão inúteis todos os seus gestos
todos os meus apelos não vão me libertar
mantenho a idéia fixa de me fixar
no menor ponto de mim
e ali me guardar
concêntrico
mas não a morte, contudo
só o silêncio, só o escapar de mim
só o me guardar
só a mesma solidão
e a tristeza ao meu redor
só o mesmo quarto frio
as mesmas páginas, o mesmo vinho
e a caneta a deslizar meus sentimentos


***poema escrito em meados de 2004.

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