terça-feira, agosto 07, 2007

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Visto-me com as estrofes de um poema sujo
Abotôo seus botões de versos
(e) ajeito frases e dizeres.
Calço as rimas e dou um nó.
Caminho palavras pela noite escura.

No bolso esquerdo, minha cultura posta em questão,
No céu da boca, a poesia em pânico,
Na ponta da língua, presságios do meu desejo,
Na ponta dos dedos, o sentimento do mundo,
Presos na garganta, poemas malditos, gozosos e devotos
E na palma das mãos, minhas primeiras estórias.

Com meus olhos de cão, enxergo além da vida
Uma passagem do tempo – transcendental e metafísica.
O caminho para a distância que se abre dentro da noite veloz
É apenas uma vertigem, uma transmutação do medo.

Sou um cão sem plumas, educado pela psicologia da composição.
Vivo a vida passada a limpo no eterno brilho de um retrato natural.
Perto do coração selvagem, guardo os desastres do amor, os subterrâneos da liberdade e as impurezas do branco.

Caminho perdido no meio do caminho
Como quem quer e não quer encontrar uma lição de coisas
Coisas que não sei o nome, coisas de um segredo oculto,
Coisas que não dizem nada, coisas que me dizem tudo.
Caminho em ritmo dissoluto. Só, triste, confuso...

Há uma gota de sangue em cada poema
Que escrevo com as palavras que caminho.
Abotôo meus versos como se perdesse a vida
Caminhando distraído pela noite escura.

Nas cinzas das horas, meu coração e meus passos
Sussurram aos meus ouvidos:
- Distraídos venceremos!

E aqui, a história se acaba
aqui, eis o fim de tudo
aqui, eis o fim que se foi
E me dispo.
[...]

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Um comentário:

Rolando Cristian disse...

olha que legal!
gostei daqui, gostei dos versos, das palavras ... e do formato.