sábado, setembro 29, 2007

AUSÊNCIA DE MIM

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desejo estar distante
mais longe dos meus pensamentos
exilado de tudo o que me condiciona
não quero mais me corresponder com as palavras
não quero mais a mesma fuga, não quero mais a mesma dor
mas quero outra vez a mesma saída
o mesmo exílio da alma
o mesmo descanso de sempre
serão inúteis todas as outras palavras
serão inúteis todos os seus gestos
todos os meus apelos não vão me libertar
mantenho a idéia fixa de me fixar
no menor ponto de mim
e ali me guardar
concêntrico
mas não a morte, contudo
só o silêncio, só o escapar de mim
só o me guardar
só a mesma solidão
e a tristeza ao meu redor
só o mesmo quarto frio
as mesmas páginas, o mesmo vinho
e a caneta a deslizar meus sentimentos


***poema escrito em meados de 2004.

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Um comentário:

Unknown disse...

Outro enfoque para a ausência de si mesmo... Na verdade, esta pra mim é a tão almejada e, nada lastimável, ausência de mim mesma...Busco exatamente esta ausência... um modo de habitar num universo interior rico e independente...