sexta-feira, dezembro 22, 2006
UTÓPICO RETÓRICA (STICK POEM PART 1)
UMA IDÉIA PRA NÃO SER...
DELA
e sofás de veludo,
cozinha azulejada
e gesso no teto,
dois quadros na sala
e samambaias no banheiro.
poemas grafitados
nas paredes do quarto e
uma placa escrita
com baton vermelho na porta:
"do No t disturb."
terça-feira, novembro 28, 2006
O VISIONÁRIO

Sou o filho do século,
AUTOPSIA
idiocoma - eletrosincronizaçãopoética
patética poesia
cartas e farpas
alienação do caos
caóticos extremos
extrema-unção dos pecados silábicos
histérico--psia
metalformadeversos
versoloscopia aguda
agudez de espírito
espiritualização do tema
temática litúrgica
liturgia circunflexa
circunferência.
elementos do tópico
suplementos utópicos
tematização abstrata
abstração dos versos
ridicularização do movimento
movimento d'eviantar
espaços-fragmentos
celulose de tinta
papel aos maços
cigarros e seringas
bisturís videofônicos
para a extração do látex
látex alcoólico
alcolismo alucinógeno
-- razão deste poema --
causa conseqüência
auto-re[in]verso
.
AMORES
de segunda à quinta, amo os papéis
às sextas, amo os copos
aos sábados, amo cinema
mas, só aos domingos consumo o amor.
---
segunda-feira, novembro 20, 2006
quinta-feira, novembro 16, 2006
→ POR UM MOTIVO OU UMA RAZÃO...
domingo, novembro 12, 2006
...E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE
segunda-feira, novembro 06, 2006
domingo, novembro 05, 2006
→ 50º POESIA CONCRETA - part 2

sexta-feira, novembro 03, 2006
→ 50º POESIA CONCRETA - part 1
segunda-feira, outubro 30, 2006
ENTRE O SER E AS COISAS
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva”
(carlos drummond de andrade)
segunda-feira, outubro 23, 2006
ALGUÉM SE ATREVE?
SLASH FICTION
ESSENCIAIS
Para a metamorfose: lagartas e borboletas
Para fugir da representação fixa da realidade: camaleões e seus disfarces
Para impelir os seres e as coisas: movimento das águas e dos ventos
Para a revolução: vendavais, terremotos, ciclones e tempestades
Para a criação: germes, sementes, brotos e mudas
Para a renovação: coração, faíscas e fogo.
*Inspirado em Radovan Ivsic, nas palavras de Eclair Antônio Almeida Filho.
.
domingo, outubro 22, 2006
FACETOGRAFIA EM POLKA DOTS

decomponho-me em papeis de parede
e recomponho a forma
em vitrais e lustres.
sou romântico e erótico
e me estendo ao nouvè.
fui fragilmente reconstruído em mosaicos
com meus sentimentos aos pedaços
e o coração na mão.
sou um artista, um poeta,
uma revolução incessante
num melodramático clichê.
sou feminista, machista, nascisista
entre o ser e o não-sense.
não faço sentidos,
deixo-os por fazer...
sou apenas prlífico
revelando por partes
o que é TODO em mim.
a febre é só um estado de SER
entre Francesca Woodman
e minha facetografia.
(dois (es)passos numa dança)
desappearing act:
woodman's space 2 series; from
Polka Dots.
.
C'EST LA FAUTE À SARTRE

CRENÇAS, CREDOS E... RELIGIÃO NÃO SE DISCUTE!

sexta-feira, outubro 20, 2006
SOU CLARICE
sou Clarice enquanto houver em mim
uma legião estrangeira capaz
de unificar o meu complexo vínculo de estranheza natural
e o subconsciente da minha inteira tradução.
sou Clarice enquanto houver medo nas entranhas,
enquanto houver pânico nas esquinas,
enquanto tudo fizer sentido
e eu estiver à margem.
sou Clarice enquanto houver um átimo de felicidade clandestina
que possa restaurar o meu estado de ser, estar, permanecer...
porque não sou. Não estou. Não permaneço.
eu apenas vivo entre o eu e o não-eu do pensamento.
sou Clarice, a mulher incontida
e serei enquanto Macabéa existir.
- Maca - o quê?
sinônimo de ternura e inocência.
(*nonsense da vida fora da introspecção narrada).
sou Clarice, perdida na cidade sitiada.
eu estou nas entrelinhas. eu coso para dentro.
eu me abro em fragmentos.
sou uma artéria dilatada.
sou Clarice.
eu sempre serei.
.
OVERNIGHT
treze ensaios de nietzsche
onze artigos de freud
uma entrevista de godard
nove galerias de man ray
quatro romances de dostoiévski
sete poesias de hilda hilst
dezoito sonetos de cummings
as correspondências completas de ana cristina césar
o essencial de caio fernando abreu
as cartas extraviadas e outros poemas de martha medeiros
cinco filmes com pola negri
doze suítes de rimski-korsakóv
oito telas de frida kahlo
seis textos de guimarães rosa
duas teses sobre saramago
quinze cadernos de sartre
três cores de almodóvar
as obras completas de mário de sá-carneiro
os exercícios de levitação de ledusha spinardi
dezesseis crônicas de drummond
uma autopsicografia e os desassossegos de fernando pessoa
dezenove contos de joyce
vinte poemas de amor
e uma canção desesperada.
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LIDA DOR

ando enlouquecido com tudo o que diz respeito a minha dor.
ando entorpecido...
minha dor estarrecida
minha lida, lida dor
dor lida...
meus sentimentos d’alma...
como se a minha própria alma
fosse também a minha dor.
ando distraído,
falando sozinho, me guardando em segredos,
suportando meus pesos.
minha loucura exposta
na eloqüência dos meus versos.
a cada rima um tiro certo contra o peito.
a poesia corrompendo o ego
cada espaço deformando o corpo
e as palavras...
incaláveis palavras remoendo as superfícies.
.
TRÂNSITO
O MUNDO QUE EU VI
esta é Santos como você nunca viu
do lado de dentro do balneário
praias lotadas
jardins monumentais
turistas barulhentos
café paulista
jardim de orla
maior do mundo
num salto de paraglider
do alto do Morro do José Menino
cafeterias italianas
e um lírico milk-shake de café
casarões azulejados
superfeijoada paulista
cidade quieta
antiga.
todo mundo tem um pouco de São Paulo.
todo mundo tem um jeito de ser Santos!
deve-se chegar com a alma leve
virar-se pássaro
sentar-se e ver a vida passada passar
no calçadão, a mureta sinuosa
acompanha o traçado irregular da pérgula.
formigas gigantes para vestir de boneca
café carioca
alforria dos escravos
cassino Mont Serrat:
a jogatina dos endinheirados
santistas mascarados.
santos está em qualquer mapa do mundo
pela saudade dos que se foram
pela alegria dos que chegam
pela beleza dos que ficam.
era o fim.
todo mundo tem um pouco de São Paulo.
todo mundo tem um jeito de ser Santos!
três vidas: café, modernidade, farofa
farofeiros santistas
copacabana palace paulista
porte monumental e os lindos vitrais estão lá.
palacetes decrépitos
trens do valongo
são paulo railway
as mil e uma noites
do essencial kama sutra
fonte inesgotável de prazer.
ilusões perdidas
cristal da boêmia
o paulista é uma beleza!
o paulista tem um céu irrestrito
santos virou de costas pra si mesma!
santos virou-se de costas pro mundo!
todo mundo tem um pouco de São Paulo
todo mundo tem um jeito de ser Santos!
e é assim o mundo que eu vi.
meigos balanços infantis...
“eu fui na fonte do Itororó
beber água, não achei
achei bela morena
que no Itororó deixei...”
...
da fonte
só sobrou um cano, seco.
do Itororó
só restou a lembrança
que ficou no lirismo ingênuo
da canção infantil,
e basta!
... .. . ... ... ... .. . .
... .. . ... ... ... .. . .
... .. . ... ... ... .. . .
.
A POESIA
OS IDOS

uma vida inteira é jogada fora.
em rumores de medo nessa sina
empobrece a emoção da vida.
enamorado da desconfiança
num cruento insaciável de lembranças,
uma lágrima brota dos olhos seus
sem saber o seu destino.
tudo se transforma e improvisa a fé.
iconoclasta da ignomínia,
vejo que não há idílio que descreva
a ideologia de uma vida a sós.
mas permanece a idiotice de meditar
os velhos e tolos ditados:
- antes só que mal acompanhado?
os idos não permanecem.
vê a realidade de hoje:
- antes um tolo apaixonado
que um largado sozinho!
AUTO-RETRATO

.
entre o caos e a vaidade dos meus sentimentos.
nasci como quem encontra na vida
uma saída prodigiosa
para as inquietações dos meus pensamentos,
porque, de tanto pensar
e me submeter aos difusos preceitos,
pude compreender que a minha servidão
está na eloqüência de minhas múltiplas faces.
como não posso ser um só em todos os corpos
descobri ser todos num só corpo.
(talvez, assim, eu tenha encontrado
a definitiva razão
para o meu intenso coexistir.)