domingo, outubro 22, 2006

C'EST LA FAUTE À SARTRE

da série: "Remix: Século XXI"


li Sartre sem saber.
submergido no diário de uma guerra estranha
observando a filosofia dos espaços
que deliberam-se entre o ser e o nada.
reconstruindo essa imagem lúbrica
que se distorce a cada instante
enquanto a palavra-metamorfose filosofa
tentando ser a pedra (episcopal, talvez!)
esfacelei-me numa frase estapafúrdia
que, inquietante, diluía os meus sensatos
pensamentos que vagueiam entre a poesia
e a face ultiforme do meu ser em transição.
nada me consola, tudo me abstrai.
busco atordoado no dicionário das idéias recebidas
a imagem do homem de letras prolífico:
o romancista, o dramaturgo, o poeta,
o panfletário, o filósofo pós-cartesiano...
e só sei que nada sei. Me perdi de vez!...
nada me reflete, tudo me confunde.
a minha obra é tão pequena diante do meu corpo!
nada exala a minha essência, tudo exibe a minha dor
nenhuma palavra traz de volta a imagem concreta
do ser que sempre/nunca fui...
perdido na loucura (in)existente
nada me resta, tudo me apavora.
fecho as aspas e permaneço na leitura...
a náuse
as moscas
o muro
o ser e o nada
c'est la faute à Sartre (?)
.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sartre ficou fabuloso no seu poema.
Bjos